Utilizadores de sites de encontros dizem normalmente a verdade sobre si

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Estudo foi feito com base num site europeu de encontros online Foto: DR

Os utilizadores das páginas de encontros na Internet dizem, normalmente, a verdade sobre si nos dados que publicam, defende a investigadora Cláudia Casimiro, sublinhando existir uma mudança na forma como as pessoas se apresentam aos outros.

“É cada vez mais fácil descobrir a identidade dos outros. O recurso à Internet actualmente permite-nos isso, nem que seja através de uma pesquisa no Google”, indicou Cláudia Casimiro, pós doutoranda no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ISCTE-IUL).

Ainda assim, segundo a autora do estudo “Do mundo virtual ao mundo real: ciberconjugalidades no Portugal do século XXI”, algumas pessoas não conseguem evitar mentir, mas quando tal acontece é “em pequena escala ou magnitude”.

“É curioso que no preenchimento dos seus perfis, em geral, neste tipo de sites de encontro, os homens normalmente colocam dois ou três centímetros a mais na altura e as mulheres dois ou três quilos a menos no peso”, referiu.

O estudo, elaborado com base no Meetic (www.meetic.pt), uma página de Internet europeia de encontros, permitiu concluir que actualmente os anúncios fornecem uma descrição psicológica da pessoa mais do que o seu rendimento ou apenas os seus atributos físicos

Cláudia Casimiro diz que os homens passaram a descrever as suas competências emocionais e de relacionamento e as mulheres a procurar homens carinhosos, atentos e sensíveis.

O estudo, segundo o qual cerca de um terço das 1.004 fotografias colocadas online são dos rostos dos utilizadores, revela igualmente que, quando o fazem, as mulheres publicam mais fotografias do que os homens.

“Fazendo uma pesquisa para Portugal, o número de utilizadores com anúncios, mas sem foto, excede largamente o número daqueles que redigem anúncios e colocam fotos”, indica o estudo, segundo o qual “mais homens do que mulheres colocam fotos no site”.

Numa análise mais profunda sobre as fotografias publicadas, a investigadora concluiu que em 85 por cento dos casos, os homens constam da foto que publicam.

Quanto ao aspecto físico, os homens destacam os peitorais, a prática desportiva ou as imagens com roupas formais e para salientar os seus aspectos emocionais, os homens escolhem as fotografias ao ar livre, com animais, essencialmente cães, e em alguns casos, mais raros, com os filhos, “na tentativa de demonstrar uma preocupação com a família”.

Sublinhando os aspectos materiais os homens valorizam a publicação de fotos nos seus automóveis (descapotáveis), motos (alta cilindrada) ou barcos, bem como de cidades visitadas e do escritório, a trabalhar.

Entre as mulheres, as utilizadoras aparecem em 96,5% das fotografias e, entre os aspectos físicos destacam o peito, as tatuagens, os piercings e, tal como os homens, imagens com roupas formais.

Nos aspectos emocionais, tal como os homens, destacam imagens ao ar livre e com animais, sendo que neste caso a escolha recai mais nos gatos, pássaros, cisnes ou patos. Entre os aspectos materiais, as mulheres destacam as cidades visitadas.

O estudo baseou-se numa amostra recolhida no Meetic, que em Portugal conta com 600 mil utilizadores inscritos desde 2005, onde foram analisados 200 perfis de utilizadores, 100 homens e 100 mulheres, seleccionados segundo sete critérios, dos quais se destacam pessoas com idades dos 25 aos 60 anos, a viver Portugal e a residir em Lisboa ou na sua área metropolitana.

Em Portugal, entre 1997 e 2010, o número de casas com acesso à Internet subiu de 2,4% para quase 63% e nesta altura, Portugal é o terceiro país europeu em que os utilizadores mais acedem a redes sociais.

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