Morreu o Presidente da Guiné-Bissau

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Morte de Sanhá levanta preocupações num país politicamente frágil Rebecca Black/Reuters

Morreu o Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, que estava em tratamento em Paris desde o final de Novembro.

O Presidente guineense tinha 64 anos e estava internado no hospital militar de Val-de-Grâce, em Paris. A sua morte foi confirmada nesta segunda-feira, ao início da tarde, através de um comunicado da Presidência guineense. "Com dor e tristeza, o gabinete do Presidente informa o povo da Guiné-Bissau e a comunidade internacional que morreu Sua Excelência o Presidente, Malam Bacai Sanhá, esta manhã, no hospital de Val-de-Grace onde estava a ser tratado".

A notícia tinha sido avançada pouco antes pela AFP, que citou fontes governamentais francesas, e pelo blogue Ditadura do Consenso, do jornalista guineense António Aly Silva.

O chefe de Estado guineense tinha voltado a ser hospitalizado pouco antes do Natal e esteve em coma durante muito tempo. Não foi divulgada a doença de que padecia, mas há indicações de que sofria de diabetes e de problemas cardíacos

O desaparecimento de Sanhá levanta preocupações de natureza política devido à frágil estabilidade do país. Eleito em 2009 para um mandato de cinco anos, Malam Bacai Sanhá, quarto Presidente da República, teve um mandato condicionado por problemas de saúde e frequentes internamentos, quer em Dacar, quer em Paris.

“A acontecer o pior, aproximam-se tempos muito difíceis”, tinha dito à rádio France Internacional Fernando Vaz, porta-voz do colectivo da oposição, pouco depois de o Presidente ter sido internado no final de Novembro no Hospital Val-de-Grâce, em Paris.

Já com Sanhá ausente, a 26 de Dezembro, ocorreu em Bissau uma acção militar contra a sede do Estado Maior e duas outras unidades, que culminou com a detenção do chefe da Armada, Bubo Na Tchuto. Um membro das forças de segurança foi morto e outros três ficaram feridos. O Governo qualificou o sucedido de “ tentativa de golpe de Estado”.

Também em Dezembro, a embaixada dos Estados Unidos em Dacar, no Senegal, chegou a alertar os cidadãos norte-americanos na Guiné-Bissau para "um potencial aumento da instabilidade política" devido às notícias sobre o estado de saúde de Sanhá. Redes internacionais de narcotráfico têm aproveitado a fragilidade do Governo da Guiné-Bissau e a corrupção para transformar o país numa plataforma de tráfico de cocaína da América Latina para a Europa, sublinhou a Reuters.

A presidência interina deve, segundo a Constituição, ser assumida por Raimundo Pereira, presidente da Assembleia Nacional. As eleições presidenciais devem realizar-se no prazo de 90 dias.

Notícia actualizada às 16h10
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