BCE empresta quase 500 mil milhões a mais de 500 bancos da zona euro

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Mario Draghi espera que os bancos usem esta liquidez extra para comprar dívida pública REUTERS/Yves Herman

A primeira operação de cedência de liquidez de longo prazo do BCE superou as expectativas. O banco central emprestou 489 mil milhões de euros a três anos a mais de 500 bancos da zona euro, a taxas de juro muito baixas.

A operação tinha sido anunciada no início deste mês pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, após a reunião do conselho de governadores do banco e destina-se a aumentar a liquidez das instituições financeiras da zona euro e restaurar assim o financiamento à economia. Em Fevereiro, no dia 28, o BCE voltará a lançar uma operação semelhante.

O volume de liquidez cedida aos bancos ficou claramente acima das previsões dos analistas. O BCE emprestou 489 mil milhões de euros, mais do que a estimativa de 293 mil milhões de euros, decorrente de um inquérito conduzido pela agência financeira Bloomberg junto de um conjunto de analistas. No total, 523 bancos vão beneficiar desta nova onda de liquidez, que é cedida a taxas de juro muito baixas. Em média, estas rondam a taxa de refinanciamento do banco central (actualmente em 1%) durante todo o período do empréstimo.

Além disso, o BCE também emprestou outros 33 mil milhões de euros aos bancos no âmbito de uma cedência regular de liquidez em dólares, pelo prazo de 14 dias.

Nos últimos dias, tinha havido uma corrida das instituições financeiras da zona euro à dívida soberana, o que fez cair as taxas de juro dos títulos italianos e espanhóis no mercado secundário, visto que os bancos precisavam de comprar estas obrigações para as entregar como colaterais (garantias) nestes novos empréstimos junto do BCE.

Contudo, numa entrevista recente ao Financial Times, Mario Draghi afirmou que os bancos poderão agora usar esta liquidez extra, não só para financiar a economia, mas também para comprar dívida pública. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, também já sugeriu a mesma ideia.

A cedência de liquidez pelo prazo de três anos faz parte de um conjunto extraordinário de medidas para ajudar os bancos, anunciado no início do mês por Mario Draghi. Entre as medidas previstas, está a diminuição das exigências de rating nos activos que os bancos dão como colateral em troca dos empréstimos do BCE, permitindo assim que as instituições financeiras consigam financiar-se mais facilmente.

Além disso, os bancos centrais nacionais passarão também a poder aceitar determinado empréstimos feitos aos bancos como colaterais. Finalmente, a autoridade monetária irá também reduzir o rácio de reserva exigido aos bancos de 2% para 1%, por considerar que o sistema de reservas não precisa de funcionar dentro das condições normais neste momento.

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