Soares enaltece missão do político, aquele que “não pede desculpa”

Foto
Soares apresentou o livro “Um político assume-se, ensaio autobiográfico político e ideológico”

O antigo Presidente da República Mário Soares quis “sublinhar” a missão de político, “numa altura em que ser político é quase uma vergonha”, no seu último livro, que revela que um líder é aquele que “não pede desculpa”.

“Não quis salientar que era um memorialista, queria salientar que era um político e fui sempre um político, numa altura em que ser político é quase uma vergonha”, contou Mário Soares na apresentação do seu último livro, “Um político assume-se, ensaio autobiográfico político e ideológico”.

O “elogio da Política”, expressão que deu nome a uma outra obra de Soares, é o propósito assumido pelo título do livro do antigo Chefe de Estado e chefe de Governo, que foi hoje lançado em Lisboa.

Os professores universitários e colunistas Pedro Marques Lopes e Pedro Adão e Silva convergiram na ideia que o livro revela o percurso de um político como alguém que não deve desculpas.

“O político não pede desculpa porque quando faz é para o bem comum”, disse Pedro Marques Lopes, para quem Mário Soares vem “estragar” a ideia vigente de substituir “políticos por tecnocratas”, numa altura em que “ser político não dá currículo, dá cadastro”.

Pedro Adão e Silva considerou que o percurso do antigo Presidente reflectido no livro demonstra que não se está “perante alguém que se guia pelo calculismo político”, ou ainda “alguém que em vez de liderar optou por se justificar ou, forma extrema da justificação, pedir desculpa”.

“Trabalhei de uma maneira coerente ao serviço dos outros e isso é que é ser político”, afirmou Mário Soares, defendendo que esse papel é incompatível com o de “homem de negócios”.

Actualmente, apontou o antigo Presidente, “o que conta são os mercados, que governam os Estados e querem destruir os políticos”.

Numa sala do Centro Cultural de Belém lotada, Soares, que sempre foi “um homem de partido”, agradeceu a presença do secretário-geral do PS, António José Seguro.

“Não votei nele nem no outro [Francisco Assis] por uma razão muito simples, porque achava que os dois eram excelentes e tinham condições perfeitas para uma substituição muito difícil. Por isso mesmo e, como era amigo dos dois, achei que não devia votar em nenhum”, disse.

Sugerir correcção
Comentar