Forças indianas dizem ter morto líder da rebelião maoista

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Foto: Reuters/Arquivo

Há três décadas que Mollajulla Koteswar Rao lançava ataques contra as autoridades indianas, e há três décadas que escapava às suas retaliações. Na quinta-feira, a sorte não esteve ao lado do líder militar dos rebeldes maoistas, e Rao foi morto numa operação, anunciou o Governo.

O desaparecimento de Koteswar Rao, conhecido como Kishenji, de 56 anos, é um forte revés para a rebelião, que pretende criar um estado maoista e tem sob controlo uma faixa considerável do território indiano. Kishenji, um dos grandes arquitectos de rebelião, é acusado de ter morto dezenas de forças policiais.

Nesta sexta-feira, e segundo o Times of India, as autoridades estão no encalço de uma mulher. Suchitra Mahato estava com Kishenji e fugiu depois de este ter sido abatido, acompanhada por outros guerrilheiros. Os soldados acreditam que está escondida na floresta, em Bengala Ocidental (no Leste do país), e que pode estar seriamente ferida.

O diário adianta que o corpo do líder maoista foi levado para a morgue do hospital de Jhargram, sob um forte dispositivo de segurança. O estado de Andhra Pradesh, onde a presença da guerrilha é particulamente forte, está sob alerta vermelho, porque as autoridades querem evitar qualquer gesto de retaliação.

Kishenji ocupava o terceiro lugar da hierarquia maoista – considerada pelo Governo como a maior ameaça interna à segurança da Índia – e desde 2009 que comandava as operações em Jangalmahal, onde ontem o seu corpo foi encontrado caído no chão, com uma AK-47 ao lado, depois de trocas de tiros com as forças paramilitares.

“Oficiais no local confirmaram que era o líder maoista Kishenji... 99% seguros que era Kishenji”, afirmou o ministro do Interior, R. K. Singh à agência PTI.

A imagem de Kishenji não era particularmente conhecida do público, porque apesar de comunicar assiduamente com os jornalistas dava entrevistas de costas para as câmaras e com a cabeça tapada por um lenço. Mas isso terá ajudado as autoridades indianas a segui-lo, escreve o Times of India.

Poucos tinham ouvido falar do chefe militar (comandava entre 10 mil e 20 mil combatentes) até ao início deste ano, quando declarou que em 2025 o regime maoista acabará com o sistema “semi-feudal e semi-colonial” da Índia.

A guerrilha maoista, ou naxalita (por ter nascido em Naxalbari, em Bengala Ocidental), foi conquistando um “corredor vermelho” que ocupa uma grande parte do Leste e Centro do país, uma região rica em minério. Afirma lutar pelos direitos dos camponeses mais pobres e populações tribais, sem defesas contra as expropriações das suas terras e com ressentimentos pelo que dizem ser uma falta de protecção do Governo. Mas a sua base de apoio está longe dos centros urbanos que espelham o forte crescimento económico indiano.

Os 44 anos de conflito já fizeram mais de seis mil mortos. O ano passado foi o mais sangrento desde que os maoistas começaram a pegar em armas: 998 pessoas morreram (cinco vezes mais do que as vítimas dos confrontos em Jammu e Caxemira). Em Abril de 2010, os guerrilheiros fizeram uma emboscada na selva de Chhattisgarth que matou 76 soldados – o ataque mais mortal para as forças indianas até agora.

Consequentemente, esse foi também o ano em que a ofensiva contra os naxalitas mais cresceu, com 50 mil forças paramilitares e dezenas de milhares de polícias a serem enviados para vários estados do país.

Os rebeldes não reagiram ainda à notícia da morte de Kishenji, mas segundo a BBC, intelectuais pró-maoistas exigiram que, caso tenha sido mesmo abatido, o seu corpo seja enviado para a sua terra natal, no Andhra Pradesh.

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