Jornalistas encontram cenário devastador na primeira visita a Fukushima

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Um grupo de jornalistas num dos autocarros que os levou até à central de Fukushima David Guttenfelder/Reuters

Vestidos com fatos de protecção contra a radioactividade, a cara protegida com uma máscara respiratória e usando dois pares de luvas, 30 jornalistas – quatro dos quais representantes de media estrangeiros – foram levados em dois autocarros até ao complexo nuclear.

Depois de terem atravessado cidades abandonadas na zona interdita de 20 quilómetros em redor da central, os jornalistas constataram que o nível de radioactividade já era de 20 microsieverts por hora às portas da central. À medida que os veículos se aproximavam dos reactores, o nível subiu rapidamente para os 500 microsieverts por hora, junto aos reactores. Quando os autocarros atravessaram uma floresta de pinheiros, um porta-voz do operador da central - Tokyo Electric Power (Tepco) – disse que tinha registado recentemente mil microsieverts naquela zona. Esta é a dose anual máxima imposta em tempos de normalidade na maioria dos países.

Um jornalista contou que o edifício do reactor 3 era o mais danificado, rodeado de partes de camiões, barreiras metálicas retorcidas e reservatórios de água esventrados.

A 11 de Março, um tsunami – causado por um sismo de magnitude 9 junto às costas nordeste do Japão – submergiu a central, interrompendo os circuitos de arrefecimento e inundando os geradores de apoio.

O combustível armazenado em três dos seis reactores e na piscina de arrefecimento do reactor 4 começou a aquecer perigosamente, provocando explosões. De noite e dia, os reactores foram “bombardeados” com água do mar e depois com água doce para estabilizar as temperaturas. A Tepco espera conseguir manter o combustível abaixo dos 100ºC em Dezembro.

Hoje, o ministro do Ambiente encarregado da gestão do acidente em Fukushima, Goshi Hosono, disse estar confiante mas salientou que o desmantelamento de todas as instalações deverá demorar, pelo menos, 30 anos. Falando para os funcionários da central, Hosono lembrou que esta é a sua quarta visita à central desde Maio. “De cada vez que cá venho, sinto que as condições estão melhores. E isso é graças ao vosso trabalho”.

A Tepco explicou aos jornalistas que cerca de 3200 pessoas trabalham durante a semana na central; ao fim-de-semana, o número reduz-se a metade. O director da central, Masao Yoshida, afirmou que a situação está controlada. “Os reactores estão estabilizados”, garantiu. Ainda assim, Yoshida reconheceu que "ainda é perigoso trabalhar aqui”.

O acidente de Fukushima obrigou à transferência de milhares de habitantes para outras zonas, por causa da poluição do ar, solos e oceanos e das consequências a longo prazo na cadeia alimentar.

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