Intérprete chinês de Jaime Pacheco sente-se “alma gémea” do técnico

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Pacheco está a fazer amigos na China Foto: DR

Ao fim de um ano a servir diariamente de intérprete ao treinador português Jaime Pacheco, Fu Hao já se sente “quase um alma gémea do mister” e diz que às vezes é até “mais emotivo” do que ele.

“Estamos sempre juntos, dentro e fora do estádio. Há ocasiões em que nem é preciso falar. Só pelo olhar compreendo o que ele quer dizer”, disse Fu Hua, ou Pablo, como é conhecido entre a equipa técnica do Beijing GuoAn, orientada desde Dezembro passado por Jaime Pacheco.

Há três semanas, quando Jaime Pacheco saltou do banco em direcção ao fiscal de linha para protestar contra a expulsão de um dos seus jogadores, Pablo foi logo a correr atrás do treinador: “Na altura não penso em mais nada senão em traduzir toda a sua emoção”.

O castigo, imposto pela Associação Chinesa de Futebol, também foi partilhado: cinco jogos de suspensão para Pacheco e três para Pablo, além de multas de 25.000 yuan (2.860 euros) e 15.000 yuan (1.720 euros), respectivamente.

Criado em 1992, quando a China autorizou a profissionalização do futebol, o Beijing GuoAn tem cinco jogadores estrangeiros (de quatro nacionalidades: Austrália, Croácia, Honduras e Senegal) e os três adjuntos de Pacheco são também de fora: os portugueses Luís Diogo e António Natal e o senegalês Khadim.

“Gostei das paisagens de Portugal e do vinho”

Jaime Pacheco e Pablo falam em espanhol, a língua em que o intérprete se formou, em 2009, e é através dele que comunica com os 34 jogadores chineses do plantel. Pablo viveu um ano em Múrcia, Espanha, no âmbito da sua licenciatura de espanhol na Universidade de Comunicações de Pequim, mas entretanto esteve em Portugal, pela primeira vez, num estágio do Beijing GuoAn, e hoje – diz – já fala “quase uma mistura de português e espanhol”. “Gostei muito das paisagens de Portugal e das pessoas, que são muito amáveis. Também gostei do vinho, embora não beba muito”, recordou.

Pablo, 25 anos, fala também inglês, a língua do ponta de lança australiano Joel Griffiths, o melhor marcador da equipa na última edição da superliga, concluída no passado dia 02 de Novembro. Apesar de ter perdido alguns dos seus melhores jogadores, o Beijing GuoAn ficou em segundo lugar, três postos acima da classificação do ano passado, e qualificou-se para a Liga dos Campeões asiáticos.

A família de Pablo vive na província de Shandong, a centenas de quilómetros de Pequim. “Mister Pacheco, para mim, é como um pai ou um irmão mais velho. É um grande amigo”, diz.

O desporto preferido de Pablo não é, contudo, o futebol: “Tenho a paixão do desporto, do ténis à Fórmula 1, e gosto também de ver futebol, mas do que gosto mais é o basquetebol. Quando tenho tempo livre vou jogar com os amigos”.

Jaime Pacheco já renovou o contrato com o Beijing GuoAn por mais dois anos e Pablo espera que a direcção do clube faça o mesmo com ele: “Quero continuar a trabalhar com mister Pacheco. Somos como irmãos”.

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