uivo

Não é certo que tenhamos aqui “um filme”. Não é seguro que “Uivo” seja mais do que um fragmento de “reenactment” - recriação, para fins educativos, dos gestos e factos de um determinado evento histórico, no caso, a recriação do julgamento por obscenidade, em 1957, de “Howl”, de Ginsberg. O dispositivo da “recriação” é bengala de validação uma certa reportagem televisiva, por exemplo. Há quem o utilize de forma tão distorcida, expressionista, mesmo, que ainda convoca mais sombras para a “verdade” que é suposto ser caucionada: pensamos no Errol Morris de “The Thin Blue Line”. É claro que não é por estes abismos que entram Rob Epstein e Jeffrey Friedman, nomes que encontramos em “The Celluloid Closet”, “Common Threads: Stories from the Quilt” ou “Os Tempos de Harvey Milk”, trabalhos de militância cívica e audiovisualmente sempre correctos. É, assim, também “Howl”, não propriamente cinema, mais telescola.

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