MOTELx: "Há um público para ver estes filmes e falar sobre eles"

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"Hostel", de Eli Roth DR

Eli Roth é convidado de honra de um evento que respeita o ideal cine-clubista.

Cinco anos a meter medo ao susto é obra - desde o Fantasporto que não há muitos que se possam vangloriar disso no nosso país. O MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror atinge o "número redondo" da quinta edição com cinco dias carregadinhos de filmes de género inéditos em Portugal (ou feitos em Portugal) que arrancam hoje no cinema São Jorge, em Lisboa.

A adesão do público ao evento apanhou um pouco de surpresa a equipa organizadora do Cine-Clube de Terror de Lisboa (CTLX). Como diz João Monteiro, um dos responsáveis, "há cinco anos eu não acreditaria que o MOTELx traria a Portugal nomes como John Landis ou George Romero". Mas foi precisamente isso que o festival fez em edições anteriores. Este ano, o convidado de honra que vem a Lisboa acompanhar uma mini-retrospectiva e realizar uma master class dobrada de encontro com o público é Eli Roth, protegido de Quentin Tarantino e David Lynch e autor do mui controverso "Hostel", filme que ajudou a lançar a vaga de filmes hipersangrentos conhecida como torture porn.

O MOTELx não deixa por isso de ter interesse em mostrar os clássicos que hoje dificilmente se vêem em sala, "mas como temos só cinco dias temos de fazer escolhas", como avança João Monteiro. "Este ano apontámos mais para o presente e para o futuro por ser um pequeno ciclo que se fecha. A partir de agora, as coisas vão forçosamente mudar, também pela experiência que adquirimos e a própria notoriedade de culto que o festival já atingiu."

Daí que a outra retrospectiva da quinta edição destaque o emergente cineasta japonês Sion Sono, autor de uma obra inclassificável que tem granjeado culto pelos festivais internacionais, enquanto a secção principal Serviço de Quarto, panorâmica do "estado do cinema de terror", propõe duas dúzias de obras recentes provenientes de todo o mundo, incluindo países que raramente identificaríamos com o género como o México, a Tailândia ou a Argentina.

Melhor curta

"A vantagem de não sermos um festival competitivo mas sim uma mostra de cinema é que o formato pode ser alterado a qualquer altura. É uma liberdade que nos concedemos" e que, espera João Monteiro, possa de futuro abrir espaço para outras possibilidades. Este ano já há novidades com uma noite dedicada aos "jogos de terror" e a exibição em "maratona", pela noite de sábado dentro, da aclamada série televisiva "The Walking Dead". Mas o que não irá mudar "de modo nenhum" é a única secção competitiva do festival - o Prémio MOTELx, dedicado à melhor curta-metragem portuguesa de terror, que "cada vez atrai mais pessoas que trabalham essencialmente para esta secção" e que a organização vê também como um "workshop intensivo que pretende fomentar a produção". Em 2011 estarão a concurso 12 curtas inéditas que serão julgadas pelo actor Nicolau Breyner, pelo realizador Frederico Serra e pelo programador Christian Hallmann, exibidas em complemento da mostra de longas.

O quinto MOTELx inaugura oficialmente esta noite com a antestreia de "O Caçador de Trolls", sensação recente do cinema escandinavo dirigida por Andre Ovredal. É um dos raros filmes da selecção 2011 que já tem distribuição comercial assegurada. É na opção por filmes que de outro modo não chegariam às salas que, para João Monteiro, o MOTELx respeita o "ideal cine-clubista" que lhe deu origem: "Sentarmo-nos a ver um filme, falar sobre ele, esperar que ele mexa connosco em vez de simplesmente partir para outro. Há um público para ver estes filmes, para falar sobre estes filmes". Para esses, encontro marcado a partir desta noite no São Jorge.

O MOTELx decorre no cinema São Jorge em Lisboa entre hoje e domingo, 11. Os bilhetes custam €3,50 e o programa pode ser consultado em www.motelx.org.

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