Passos admite "desvio" de dois mil milhões

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Passos promete cortar "sem pôr em causa função social" do Estado Foto: Daniel Rocha/arquivo

Primeiro Pedro Passos Coelho disse numa reunião do Conselho Nacional do PSD, à porta fechada. Ontem, numa festa do partido, admitiu-o publicamente: o desvio nas contas públicas pode superar os dois mil milhões de euros. E o anúncio das medidas de contenção, ou cortes da despesa do Estado, ainda vai ter de esperar até final de Agosto.

Numa festa do partido em Vila Real, o líder do PSD e primeiro-ministro admitiu um "desvio" nas contas públicas "um pouco superior a cerca de dois mil milhões de euros" e que agora é preciso resolver. Parte da solução será a sobretaxa extraordinária sobre o IRS, que o ministro das Finanças, Vitor Gaspar, anunciou na quinta-feira, mas o resto terá de ser "corrigido do lado da despesa".

"Há muito próximo de dois mil milhões de euros que precisam de ser absorvidos do lado da receita e do lado da despesa para que, até ao final do ano, o objectivo que ficou fixado para o défice seja cumprido e será cumprido", afirmou Passos Coelho.

Ora, as medidas de contenção serão anunciadas "nos próximos 30 dias", até ao final de Agosto. E resultarão quer "dos trabalhos de preparatórios do novo Orçamento para 2012", quer das medidas para "reestruturar o sector público para poder fazer poupanças adicionais". Até ao mês de Agosto, prometeu, o Governo tem a "grande ambição" de mostrar aos portugueses como é que o "Estado vai poupar sem pôr em causa a sua função social".

Já antes, no seu discurso a militantes e simpatizantes do PSD do distrito onde viveu a juventude, Pedro Passos Coelho voltou a dizer que não estará sempre a falar da herança dos governos de José Sócrates, embora tenha introduzido um "mas".

"Mas quando chegamos ao Governo não pudemos deixar de olhar para a situação que encontramos. Não é para responsabilizar ninguém para trás, isso foi feito nas eleições. É para saber a medida de ajustamento das políticas que precisávamos de concretizar."

Ontem, o primeiro-ministro já não usou a palavra polémica, "colossal". Nem para definir o "desvio" (que terá utilizado no Conselho Nacional de terça-feira) nem para o "trabalho" que o Executivo terá de fazer para ultrapassar o problema (na versão corrigida avançada pelo seu gabinete no dia seguinte).

Passos Coelho falou ainda na cimeira europeia de quinta-feira, em Bruxelas, e avançou as suas expectativas. "Queremos participar num projeto europeu ambicioso e queremos dar o nosso contributo para que a Europa saiba encontrar respostas mais ambiciosas para os problemas, mas como primeiro-ministro nunca ficarei à espera do que a Europa tenha que fazer para governar Portugal", adiantou.

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