News of The World fecha depois do escândalo das escutas

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A última edição do "News of the World" sai no domingo Reuters

O News International, grupo que detém o tablóide britânico News of The World, anunciou esta tarde que o jornal vai acabar depois do escândalo das escutas abusivas. James Murdoch, filho do magnata Rupert Murdoch, revelou que a edição do próximo domingo será a última deste jornal, justificando que o escândalo não só tirou prestígio ao jornal como a publicidade caiu.

A notícia de que os familiares dos soldados mortos no Afeganistão e no Iarque foram vitimas de intercepção de chamadas telefónicas pelo jornal News of The World tem gerado uma onda de consternação. Ao longo do dia de hoje foram várias as manifestações de revolta no Reino Unido.

“As coisas boas que o News of the World faz, ficaram manchadas com este comportamento errado. Realmente, se as recentes alegações são verdadeiras, é desumano e não tem lugar na nossa empresa”, disse em comunicado James Murdoch.

O News of the World há muito que vive sob a mancha de escândalos de escutas ilegais, desde personalidades da política aos membros da família real, passando pelas celebridades. Todas estas novas suspeitas surgiram no âmbito de uma investigação reaberta em Janeiro passado pela Scotland Yard depois de vários jornais no Reino Unido terem encontrado pistas de que a intercepção telefónica era uma prática comum e regular naquele jornal, e não um caso isolado, como então foi argumentado pelos responsáveis da publicação quando o primeiro escândalo rebentou, ainda em 2005, envolvendo também o detective Mulcaire.

Esta semana o assunto voltou a ser falado e o tablóide duramente criticado depois de se ter descoberto que o News of the World tinha interferido na investigação de uma menina britânica de 13 anos desaparecida e mais tarde encontrada morta. O jornal não só acedeu às chamadas telefónicas, como apagou mensagens do atendedor automático para que este não ficasse cheio e pudesse assim receber mais.

Esta quinta-feira de manhã, o “The Guardian” revelou ainda que o jornal de Murdoch subornou agentes da polícia, pagando 100 mil libras. As autoridades estão agora a investigar o caso, que envolve cerca de quatro mil pessoas, e a empresa considera assim não existirem condições para continuar no activo.

"Os infractores tornaram uma boa redacção em má e isto não foi assim entendido ou adequadamente seguido", continua o resposável no comunicado, explicando que depois de ponderar e consultar vários colegas séniores, fechar o jornal é a única solução possível para manter o "respeito pelo jornal".

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou entretanto que, a par da investigação policial em curso, vai igualmente ser aberto um inquérito público a estas alegadas práticas de intercepções e escutas abusivas feitas pelo tablóide.

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