GNR vai repovoar com meixão nas valas do rio Mondego

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A GNR vai utilizar o meixão capturado ao longo do ano para libertar nas valas do Mondego Foto: PÚBLICO/arquivo

O Destacamento de Controlo Costeiro da Figueira da Foz da GNR está a desenvolver um projecto de repovoamento de meixão, enguia em estado larvar, nas valas do rio Mondego, aproveitando as capturas efectuadas no combate à pesca ilegal.

Segundo o major Jorge Caseiro, comandante do Destacamento de Controlo Costeiro, o projecto, que ainda se encontra em fase preliminar, passa pelo estudo e tratamento do meixão após a apreensão e posterior reintrodução em meio aquático.

“É um projecto de repovoamento do meixão nas valas do rio Mondego, partindo do meixão que vamos capturando ao longo do ano”, disse o oficial da GNR.

O projecto vai ser apresentado a instituições universitárias - “em especial à universidade de Coimbra” - e a entidades públicas, como as autarquias da região, “que conhecem bem as valas do Mondego”, adiantou.

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), a Administração da Região Hidrográfica do Centro (ARHC), associações ambientalistas, escolas e órgãos de comunicação social são outros organismos que o Destacamento de Controlo Costeiro da GNR pretende ver associados à iniciativa.

“Para este projecto nós não chegamos, vamos precisar de outros saberes”, justificou.

Já quanto ao financiamento, Jorge Caseiro sublinhou que o projecto poderá ser candidatado ao Fundo Europeu das Pescas, “desde logo porque estando a enguia [meixão] em perigo, existe financiamento para actividades que permitam a sua preservação”, bem como ao Programa Operacional Pesca (PROMAR), “que dispõe de fundos para a defesa das comunidades”.

O projecto inclui ainda uma componente de sensibilização da comunidade e das crianças em idade escolar para o “autêntico crime ambiental” que a pesca do meixão constitui, estando prevista a sua apresentação em escolas da Figueira da Foz e Montemor-o-Velho.

As enguias adultas desovam no mar dos Sargaços - situado a oeste dos Açores, a meio do Atlântico - a 400 metros de profundidade e as larvas atravessam o oceano levadas pelas correntes. Migram para a costa leste norte-americana e para a costa ocidental europeia e entram nos rios como meixão, completando um processo de metamorfose “da água salgada para a água doce”, explicou Jorge Caseiro.

A pesca ilegal de meixão tem sido alvo de sucessivas operações de combate por parte das autoridades, chegando as enguias bebés a atingir, quando comercializadas, preços de 400 a 500 euros por quilo.

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