O casamento visto pelo designer de moda Nuno Baltazar

William e Kate no final da cerimónia
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William e Kate no final da cerimónia Foto: Toby Melville/Reuters
A cauda do vestido de Kate
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A cauda do vestido de Kate Foto: Anthony Devlin/Reuters
"Pippa", a irmão de Kate
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"Pippa", a irmão de Kate Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
Mãe de Kate, Carole Middleton
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Mãe de Kate, Carole Middleton Foto: Adrian Dennis/Reuters
A família real espanhola, Letícia à direita
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A família real espanhola, Letícia à direita Foto: Toby Melville/Reuters
A princesa da Suécia Victoria e o marido, o duque de Vastergotland
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A princesa da Suécia Victoria e o marido, o duque de Vastergotland Foto: Toby Melville/Reuters
David e Victoria Beckham
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David e Victoria Beckham Foto: Jasper Juinen/Reuters

Nada foi surpreendente mas esteve tudo muito bem. Como se esperava. Como a família real britânica precisava. A noiva, o vestido, a cerimónia ajudaram a recuperar a sofisticação e o glamour que tem faltado nos últimos tempos à família real. São as conclusões do designer de moda Nuno Baltazar, que comentou a cerimónia em directo no Público online.

Como em todos os casamentos, o momento mais esperado era a chegada da noiva, Catherine “Kate” Middleton. Neste caso, era mais saber quem desenhara o vestido. “Gostava que fosse a casa Alexander McQueen”, dizia Nuno Baltazar poucos minutos antes de a noiva aparecer. O seu desejo foi satisfeito. Apesar de não ser uma criação da Alexander McQueen, que se suicidou no ano passado, foi a escolha acertada, considera o designer. Sendo um vestido para o casamento de um príncipe que, um dia, será rei (William, o noivo, é o segundo na linha de sucessão), não teve nenhum dos ingrediente mais excêntricos que fazem parte da assinatura McQueen. “Mas tinha toda a elegância e modernidade a que a etiqueta McQueen nos habituou”.

Neste casamento houve uma preocupação patriótica. O que como que anunciava que esta seria a escolha mais acertada.

Kate Middleton, agora duquesa de Cambridge, “optou por uma marca inglesa que ultrapassou claramente Vivianne Westwood ou Paul Smith, há muito referências da moda inglesa”, considerou Nuno Baltazar. “E não deixou de ser uma homenagem áquele que foi, sem dúvida, o grande génio da moda inglesa; e vem confirmar que a marca se mantém viva.”

Mal viu a noiva, o primeiro comentário de Nuno Baltazar na cobertura minuto a minuto que o PÚBLICO online fez da cerimónia, foi: “o vestido tem um corpo estruturado até à cintura. É todo em cetim duchesse (o Rolls Royce dos cetins), com renda chantily sobreposta. O decote é em V e a manga é justa. A saia rodada tem com pregas a partir da cintura, detalhe típico dos anos 50, e tem também pregas na parte de trás, o que lhe dá tridimensionalidade e ajuda a dar mais volume e comprimento à cauda. Esta, em formato U tem o comprimento certo e não é demasiado pesada. Um compromisso perfeito entre o tradicional e o jovem, como ela é."

Nuno Baltazar considerou que a escolha do vestido reflectiu o espírito de modernidade da noiva, que soube manter-se fiel ao design britânico mas não aos nomes mais tradicionais. O vestido, garantiu o designer de moda português, vai tornar-se tendência. “De certeza absoluta”. Sendo que tem a vantagem de ser intemporal: é bonito hoje e vai continuar a ter beleza daqui a muitos anos.

No capítulo dos acessórios, a noiva usou uma tiara Cartier de 1936, que foi oferecida pela rainha mãe à então princesa Isabel quando esta completou 18 anos. Os brincos foram desenhados propositadamente para a cerimónia pelo joalheiro Robinson Pelham.

O bouquet de flores campestres, muito pequeno, foi delicado, disse Nuno Baltazar. A maquilhagem foi também discreta, destacando os olhos, que estavam fumados e realçavam a cor do olhos da noiva, dando profundidade ao olhar.

O único apontamento menos feliz que Nuno Baltazar apontou foi o véu, que caia a direito sobre a testa e rosto da noiva. “Estava demasiado próximo da cara”, sentenciou o designer.

Os elegantes

Nuno Baltazar elegeu a irmã de Kate, Philippa “Pippa” Middelton e a princesa Victoria da Suécia como as mais bem vestidas da cerimónia. “A irmã da noiva é muito bonita e fica muito bem dentro do vestido comprido anatómico, cor de marfim, drapeado e a contornar muito o corpo. O vestido, também da autoria de Sarah Burton, realça a sua silhueta invejável. Também ela optou por um look discreto sem adornos demasiado ostensivos.”

“O Príncipe William esteve bem, apenas com um ar mais velho. O facto de estar com menos cabelo puxa-o mais para o lado dos príncipes de Gales e abafa um pouco o sorriso terno que herdou da sua mãe”. Quanto ao resto das escolhas de roupa da família real, o comentário menos bom vai para a Rainha Isabel II “Está igual a si própria, num conjunto amarelo ‘mal-disposto’!”

A Duquesa da Cornualha surgiu num conjunto Anna Valentaine, autora do seu vestido de noiva e responsável pela sua mudança de imagem. “O vestido e casaco bicolor pela linha do joelho, em tons de champanhe e azul acinzentado na parte de cima, é muito discreto e o corte simples marca ligeiramente o tórax, o que é sempre uma boa solução para quando não se tem a cintura marcada. O destaque do vestido está na parte de baixo, nas pregas e na aplicação de bordados dourados a fazer a junção das duas cores. O chapéu Philip Treacy tem uma aba larga mas virada na frente, que deixa iluminar o rosto.”

A mãe de Kate usou um vestido e casaco, em cor de hortênsia, de Katherine Walker. Muito discreta e elegante, mostrou estar em excelente forma.

De todas as convidadas, escreveu Nuno Baltazar, Victória da Suécia usava o vestido mais bonito, mas com dois pontos negativos: o chapéu demasiado formal para o vestido; o relógio que não deveria ter usado no pulso.

Baltazar considerou que a noiva e Victoria Suécia se aproximam porque, tendo ambas o peso do protocolo, conseguem manter um aspecto de leveza quando surgem em público. O que, disse, Diana, a mãe de William, perdeu rapidamente depois do casamento com o príncipe Carlos (o herdeiro do trono), e que Letícia de Espanha nunca teve.

A faixa de mais mal-vestidas, Nuno Baltazar entrega-as às princesas Beatrice e Eugene de York, netas da rainha Isabel II e filhas do príncipe André, que geraram um: “Estão medonhas!” E logo em seguida vem a rainha de Espanha. “O casaco é normal, mas o adorno floral é assustador, bem como as jóias que até parecem bijutaria barata.”

A princesa Letícia também não o surpreendeu pela positiva, com um chapéu demasiado grande para a sua estrutura craniana. Já na véspera, durante a recepção oferecida às famílias reais convidadas pela rainha, a opção de vestido de Letícia, um cai-cai, lhe acentuara a magreza excessiva.

A noiva do príncipe Alberto do Mónaco, Charlene Wittstock, esteve bem. Como tem ombros largos, a opção de gola e decote do casaco afastados do pescoço foi muito bem pensada porque reduziu a sua estatura e tornou a silhueta mais harmoniosa. As cores – cinza claro e nude - resultam bem devido ao seu tom de pele, mas poderia ter afastado um pouco da paleta da roupa do futuro marido (casam no Verão).

Nuno Baltazar considerou que o cantor Elton John fez “pendant” com a rainha, aparecendo “em versão coelho da Páscoa”. Já no casal Viktoria e David Beckham, ele perdeu - “surgiu num estilo demasiado clássico que não lhe fica muito bem, um fraque com gola levantada e um penteado muito formal” -, ela ganhou e estava “muito elegante” num vestido escuro.

Da mulher do primeiro-ministro David Cameron, Samantha, que tem uma silhueta bonita e anatómica, Baltazar gostou particularmente da cor do vestido, um azul mediterrânico, e do contraste com a pashmina laranja. Como aspectos negativos deste look o designer realçou três pontos: o comprimento das mangas (deveriam ser mais compridas, a três quartos), deveria ter retirado o autocolante da sola dos sapatos e esqueceu-se do chapéu obrigatório nestas solenidades, sobretudo em Inglaterra. No geral, disse Nuno Baltazar, e a nível de imagem, este casamento suavizou a história trágica de Carlos e Diana e recuperou o romantismo e a sofisticação que qualquer mulher quer ter no seu casamento.

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