Aplicada a primeira multa a mulher de burqa em França

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Uma das mulheres interpeladas depois de sair da esquadra Gonzalo Fuentes/Reuters

Já foi aplicada em França a primeira multa por violação da lei da "burqa", que proíbe o uso do "niqab", o véu islâmico que cobre toda a cara deixando apenas os olhos à vista.

Na segunda-feira, uma jovem de 28 anos que vestia um "niqab" foi interpelada pela polícia num centro comercial e obrigada a pagar uma multa de 150 euros.

Segundo a polícia, a jovem foi controlada “sem incidentes” e terá um mês para pagar a coima.

A nova legislação, que entrou em vigor na segunda-feira, proíbe a qualquer mulher, em qualquer espaço público, ter a cara coberta. Mas nem todas as muçulmanas parecem dispostas a obedecer à lei.

Na manhã desta terça-feira, uma outra mulher, também portadora de "niqab", foi parada pela polícia quando entrava num edifício em Saint-Denis, no Norte de Paris. A entrada no edifício foi-lhe recusada por estar a usar o véu integral e foi-lhe pedido que o retirasse. Como se negou a retirar o véu, e tal como prevê a lei, a mulher foi levada para uma esquadra da polícia. Acabou por levantar o "niqab", mas insistiu em colocá-lo novamente.

Ao contrário da jovem que na véspera fora multada, esta mulher, segundo o jornal francês “Le Parisien” levou apenas para casa uma notificação escrita e um panfleto onde é explicado que os véus integrais não serão mais permitidos em público. Depois da simples “sensibilização” para nova lei, a mulher foi libertada.

A polémica legislação francesa tem sido alvo de controvérsias e objecto de críticas, nomeadamente, por parte da comunidade muçulmana e por sindicatos da polícia, que alegam que a lei é “inaplicável”.

São medidas “muito complicadas para fazer respeitar no terreno” disse Philippe Capon, secretário-geral do sindicato UNSA-Police, citado pelo “Le Monde”. Capon adimitiu mesmo que “a solução de fechar os olhos será por vezes obrigatória”.

Também Fréderic Lagache, do sindicato Alliance, partilha dessa opinião e sublinha que a aplicação da nova lei não será uma prioridade. “Os polícias têm missões importantes, que dizem respeito a crimes e delitos, não vamos gastar toda a nossa energia numa simples contravenção”, adiantou.

Por outro lado, Claude Guéant, o ministro do Interior francês, assegurou que a lei será respeitada mesmo que a sua aplicação seja difícil. “A polícia e os gendarmes estão lá para aplicar a lei e ela será aplicada”, garantiu.

A nova lei prevê uma multa de 150 euros para quem a infringir que pode ser acompanhada ou substituída pela obrigatoriedade de frequentar “um curso de cidadania”.

A entrada em vigor da legislação acontece num momento de tensão para França em que Sarkozy, actualmente com o nível de popularidade a descer, é acusado de discriminar a comunidade muçulmana numa tentativa de conquistar os votos da extrema-direita.

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