Benfica e FC Porto disputam clássico com mais de 40 jogos nas pernas

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Carlos Martins e Álvaro Pereira não são dos jogadores mais desgastados DR

João Moutinho é o jogador com mais jogos já disputados esta temporada entre os que vão estar no domingo no duelo da Luz que poderá entregar o título aos portistas. O médio do FC Porto já participou em 38 partidas, logo seguido pelo seu companheiro de equipa Hulk, que entrou em campo por 37 vezes. Máxi Pereira e Gaitán, com 36 jogos, são os nomes em quem Jorge Jesus mais apostou esta temporada. Uma época desgastante para estes clubes, com um número de jogos semelhante ao dos colossos europeus como Barcelona (47) ou Manchester United (46).

O FC Porto já soma 45 jogos nas pernas e os homens da Luz têm apenas menos um. Mas este número de partidas, que resulta, sobretudo, de uma boa temporada dos clubes portugueses a nível internacional, com os três emblemas envolvidos ainda nos quartos-de-final da Liga Europa (a portistas e a benfiquistas junta-se o Sp. Braga), não convence aqueles que defendem a necessidade de aumentar o número de jogos em Portugal. Nem mesmo sabendo-se que os atletas, aos 50 a 60 encontros por temporada, atingem a linha a partir da qual o risco de lesões pode subir consideravelmente.

"O aumento da fadiga e do stress começa a ser particularmente preocupante a partir dos 60 jogos. O risco de lesões aumenta, mas não existe capacidade científica para provar esta teoria", conta José Soares, especialista em Fisiologia de Esforço da Universidade do Porto, adiantando que o mais importante de tudo é que seja cumprido o período de recuperação recomendado. "Se tudo for feito da melhor forma, 72 horas são valores aceitáveis para os jogadores recuperarem o máximo da sua recuperação física. Mas é preciso que exista mesmo um programa rigoroso de recuperação", sublinha.

Este foi, de resto, um dos aspectos que o treinador do Benfica sublinhou no final do desafio com o Paços de Ferreira, ao garantir que não é o número de jogos que o preocupava. "Quando se fala nessa sobrecarga, há duas formas de a analisar. Não tem a ver com a quantidade de jogos, mas sim com o tempo de recuperação. Quando se joga quinta e domingo, não há problema; quando é quinta e sábado, há problema", explicou. "Não há nenhum problema em jogar ao domingo e à quarta-feira, desde que sejam preservadas as 72 horas que está provado ser o tempo necessário para recuperar do ponto de vista físico e mental", acrescentou o treinador do Paços, Rui Vitória.

Mas há quem defenda a necessidade de mais jogos em Portugal. Há equipas que disputam pouco mais que as 30 partidas da Liga. O Marítimo, que está no meio da tabela, ficará pelos 35, longe dos 40 do Toulouse, que também ocupa o 10.º lugar em França, ou do Stoke City (10.º classificado em Inglaterra), que chegará aos 46 ou 47. O Osasuna, em Espanha, sem conseguir nada de notável, realiza 40 partidas. "Basta olhar para os campeonatos bem-sucedidos, ver o volume competitivo que esses países têm, quando comparados com o nosso. Nós fazemos uma média de 30 a 35 jogos por época. Nos outros países, fazem-se mais 15 ou 20 jogos", refere o treinador do V. Guimarães, Manuel Machado, que diz haver jogadores em Portugal que nem chegam a jogar.

O especialista em marketing Daniel Sá também considera que poderia existir mais jogos, mas defende que os clubes têm de imitar o trabalho de marketing desenvolvido pelos três "grandes", Sp. Braga e V. Guimarães. "Mas a Taça da Liga já veio colmatar algum vazio competitivo que existia em Portugal e está bem construída, despertando interesse, apesar de ser uma prova jovem", refere este especialista. Uma opinião partilhada pelos responsáveis da Liga, que defendem que esta prova "respondeu a essa necessidade, provocando um aumento significativo no número de jogos por época" e criou receitas suplementares. Consideram ainda que o calendário está já muito carregado.

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