Benfica e FC Porto disputam clássico com mais de 40 jogos nas pernas

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Carlos Martins e Álvaro Pereira não são dos jogadores mais desgastados DR

O FC Porto já soma 45 jogos nas pernas e os homens da Luz têm apenas menos um. Mas este número de partidas, que resulta, sobretudo, de uma boa temporada dos clubes portugueses a nível internacional, com os três emblemas envolvidos ainda nos quartos-de-final da Liga Europa (a portistas e a benfiquistas junta-se o Sp. Braga), não convence aqueles que defendem a necessidade de aumentar o número de jogos em Portugal. Nem mesmo sabendo-se que os atletas, aos 50 a 60 encontros por temporada, atingem a linha a partir da qual o risco de lesões pode subir consideravelmente.

"O aumento da fadiga e do stress começa a ser particularmente preocupante a partir dos 60 jogos. O risco de lesões aumenta, mas não existe capacidade científica para provar esta teoria", conta José Soares, especialista em Fisiologia de Esforço da Universidade do Porto, adiantando que o mais importante de tudo é que seja cumprido o período de recuperação recomendado. "Se tudo for feito da melhor forma, 72 horas são valores aceitáveis para os jogadores recuperarem o máximo da sua recuperação física. Mas é preciso que exista mesmo um programa rigoroso de recuperação", sublinha.

Este foi, de resto, um dos aspectos que o treinador do Benfica sublinhou no final do desafio com o Paços de Ferreira, ao garantir que não é o número de jogos que o preocupava. "Quando se fala nessa sobrecarga, há duas formas de a analisar. Não tem a ver com a quantidade de jogos, mas sim com o tempo de recuperação. Quando se joga quinta e domingo, não há problema; quando é quinta e sábado, há problema", explicou. "Não há nenhum problema em jogar ao domingo e à quarta-feira, desde que sejam preservadas as 72 horas que está provado ser o tempo necessário para recuperar do ponto de vista físico e mental", acrescentou o treinador do Paços, Rui Vitória.

Mas há quem defenda a necessidade de mais jogos em Portugal. Há equipas que disputam pouco mais que as 30 partidas da Liga. O Marítimo, que está no meio da tabela, ficará pelos 35, longe dos 40 do Toulouse, que também ocupa o 10.º lugar em França, ou do Stoke City (10.º classificado em Inglaterra), que chegará aos 46 ou 47. O Osasuna, em Espanha, sem conseguir nada de notável, realiza 40 partidas. "Basta olhar para os campeonatos bem-sucedidos, ver o volume competitivo que esses países têm, quando comparados com o nosso. Nós fazemos uma média de 30 a 35 jogos por época. Nos outros países, fazem-se mais 15 ou 20 jogos", refere o treinador do V. Guimarães, Manuel Machado, que diz haver jogadores em Portugal que nem chegam a jogar.

O especialista em marketing Daniel Sá também considera que poderia existir mais jogos, mas defende que os clubes têm de imitar o trabalho de marketing desenvolvido pelos três "grandes", Sp. Braga e V. Guimarães. "Mas a Taça da Liga já veio colmatar algum vazio competitivo que existia em Portugal e está bem construída, despertando interesse, apesar de ser uma prova jovem", refere este especialista. Uma opinião partilhada pelos responsáveis da Liga, que defendem que esta prova "respondeu a essa necessidade, provocando um aumento significativo no número de jogos por época" e criou receitas suplementares. Consideram ainda que o calendário está já muito carregado.

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