Só Tu e Eu

Podia ser - até certo ponto é - um filme feito por e para os seus actores. E tudo o resto deixaria de ser necessário quando os actores são Ryan Gosling e Michelle Williams - e só eles chegam para fazer de "Só Tu e Eu" um espectáculo de representação, porque encontram um no outro o parceiro ideal para levar a limite o retrato de um casamento visto alternadamente pelo optimismo da descoberta inicial e pela desilusão da separação anunciada.

Gosling e Williams são os actores certos para a visceralidade que Cianfrance procura para a transposição para o écrã da emoção à flor da pele que existe em qualquer história de amor, através dos planos inacreditavelmente íntimos mas nunca voyeuristas da câmara de Andrij Parekh. Só que Cianfrance nunca vai tão longe como os actores: a visceralidade que busca é diluída numa concretização sincera, mas contida demais para a entrega sem limites dos actores. O que impede "Só Tu e Eu" de ser o grandíssimo filme que gostávamos (e gostávamos muito) que ele fosse e o limita a ser, "apenas", um bom filme.

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