Benfica só meteu medo depois de ter apanhado um susto

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O Benfica esteve a perder mas deu a volta ao resultado José Manuel Ribeiro/Reuters

Bruno Labbadia entrou na sala de imprensa minutos depois das declarações de Jesus. O treinador do Estugarda encolheu os ombros e disse que ia jogar sem medo, mas com respeito. Foi o que fez. E assustou o papão. Marcou cedo na Luz e marcou um golo que pode ser precioso na eliminatória. Aos vinte minutos, o penúltimo classificado da Bundesliga impunha-se na casa do segundo da I Liga portuguesa. Os fantasmas dos jogos europeus voltavam a pairar por cima do banco de Jesus (esta temporada saiu derrotado em todos os jogos fora com Schalke, Lyon e Hapoel, e somou ainda uma derrota em casa). Apenas dois triunfos caseiros, ante franceses e israelitas, pouco para abrilhantar o currículo internacional do campeão português.

No início de Dezembro, o Schalke, outra formação alemã que caminhava pelos últimos lugares da tabela germânica, venceu na Luz (1-2). E só não acabou aí a viagem “encarnada” pela Europa porque no outro jogo, Lacazette marcou pelo Lyon frente ao Hapoel e eliminou os israelitas mesmo no final da partida, apurando os benfiquistas para a Liga Europa.

Depois disso, nasceu um novo Benfica, o tal que ainda não perdeu em 2011 - aos triunfos que trazia do ano anterior somou outros tantos e ainda mais. Foi isso que fez Jesus dizer que a sua equipa assustava. Mas não foi isso que aconteceu na noite fria de Lisboa.

Nos adeptos, foram as lembranças dos jogos europeus que lhes vieram à memória. Foi isso que perpassou ontem pelas bancadas, geladas perante a obra de arte de Harnik, que acabava de fazer um chapéu perfeito sobre Roberto.

É um sentimento estranho este que as duas equipas experimentaram. O Benfica está bem nas competições domésticas e encolhe-se a nível internacional, enquanto o Estugarda, goleado em casa na última jornada do campeonato (1-4 ante o Nuremberga), somou esta quinta-feira apenas a segunda derrota em nove jogos na Europa esta época.

O desaire do Estugarda começou pelos pés de Cardozo, mas só na segunda parte, uma demora de 50 minutos. O Benfica só respondeu ao susto a vinte minutos do fim.

O pé esquerdo do paraguaio abanou os alicerces da equipa alemã e acabou com o atrevimento junto à baliza de Roberto (respondeu com duas boas defesas). O golo despertou os “encarnados” que tinham, pelo menos, de vencer para não ficarem reféns do adversário no seu terreno.

Isso ficou a cargo de Jara a nove minutos dos 90. Um remate de longe desviou num adversário e traiu Ulreich. Estava feito, Jesus já respirava melhor e os jogadores também. Depois o jogo partiu-se, ficou sem Norte. O terceiro golo do Benfica ficou tão perto como o segundo do Estugarda (aqui foi o poste a impedir Élson de festejar, após um livre directo).

Roberto agradeceu e guardou a bola. O guarda-redes espanhol foi assobiado e não percebeu porquê: é que os adeptos sabem que a vantagem é mínima e serve “apenas” para celebrar o 14.º triunfo seguido. O resto decide-se, agora, na Alemanha.

POSITIVOCardozo

Quase não se deu por ele durante o jogo. Até ao minuto 70. E aí todos deram por ele. Um tiro de longe com o seu melhor pé despertou a equipa. E lançou-a para a vitória.


Jara

Foi o autor do golo da vitória, a 14.ª seguida. E isso já tem mérito. E dá ao Benfica uma vantagem que pode ser decisiva.


Harnik

O austríaco não parou de correr um minuto, talvez contagiado por Okazaki. Mas fez mais que o japonês: marcou um golo, um chapéu perfeito.


NEGATIVOSidnei

Era imperioso não sofrer golos em casa. Disse-o Jesus e sabe-o toda a gente. O central deixou escapar o adversário que ficou frente a Roberto. E ficou a ver.


Ficha de jogo

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.


Assistência Cerca de 35.000 espectadores.


Benfica

Roberto 5, Maxi Pereira 5, Luisão 6, Sidnei 4, Fábio Coentrão 6, Javi García 6, Salvio 5 (Alan Kardec -, 75’), Aimar 4 (Carlos Martins -, 75’), Gaitán 6, Franco Jara 6 (Felipe Menezes -, 86’) e Cardozo 7. Treinador Jorge Jesus.

Estugarda

Ulreich 5, Boulahrouz 5, Tasci 6, Delpierre 6, Molinaro 5, Trasch 5, Kuzmanovic 5 (Niedermaier -, 76’), Harnik 7, Hajnal 6 (Élson 5, 64’), Okazaki 6 e Cacau 6. Treinador Bruno Labbadia.

Árbitro

Eric Braamhaar 5, da Holanda.

Amarelos

Tasci (14’), Harnik (26’), Fábio Coentrão (42’), Delpierre (58’), Javi García (87’) e Maxi Pereira (90’+3’).

Golos

0-1, por Harnik, aos 21’; 1-1, por Cardozo, aos 70’; 2-1, por Franco Jara, aos 82’.

Notícia actualizada às 21h36
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