GNR investiga queixas de abate ilegal de espécies no Buçaco
“Estamos a averiguar, em conjunto com outras entidades, denúncias de abate ilegal de árvores, nomeadamente sobreiros e azevinhos”, disse hoje à Agência Lusa o comandante do Destacamento da GNR de Anadia, capitão Paulo Serra.
As denúncias – adiantou – foram recebidas através da Linha SOS Ambiente, do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) no final de 2010 e no início deste ano.
João Paulo Pedrosa, presidente da direcção do Núcleo de Coimbra da Quercus, disse à Lusa que receberam denúncias, acompanhadas por fotos, de corte de espécies protegidas – sobreiros e azevinhos – tendo depois constatado o abate ilegal no terreno.
“Apresentámos a situação ao SEPNA. Não fizemos a contabilidade [das árvores cortadas ilegalmente]", referiu, adiantando que este abate terá acontecido durante uma intervenção para erradicar exemplares de espécies não protegidas.
João Paulo Pedrosa frisou que a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza pretende que sejam apuradas as responsabilidades e salientou que “uma intervenção na mata, terreno de interesse público, tem de ser feita por profissionais”.
O presidente do conselho de administração da Fundação Mata do Buçaco (FMB), a entidade que gere o património do espaço, disse à Lusa que está em curso um inquérito interno “para averiguar se foram danificadas algumas espécies ou não”, embora adiante que, com os dados de que dispõe actualmente, “não há nada que comprove que houve crime ambiental”.
António Jorge Franco explicou que, no âmbito do plano de gestão da mata, foram cortados pinheiros bravos e acácias, “que estavam a secar, a contaminar e a pôr em perigo” outras espécies.
Este trabalho foi entregue a um madeireiro que diz não ter abatido espécies protegidas, adiantou.
Segundo o presidente da FMB, o madeireiro admite que um dos pinheiros cortados partiu um sobreiro e arrancou parcialmente outros dois.
Quanto aos azevinhos, da análise das fotos, António Jorge Franco levanta a hipótese de se tratar não deste arbusto, mas de outra espécie muito parecida, não protegida, os pitósporos.
“Com os dados que tenho, não considero que tenha havido crime ambiental, mas aguardo o desfecho da investigação da GNR e do inquérito interno para apurar responsabilidades”, sublinhou.
Sexta-feira, adiantou, vai ser realizada, em colaboração com a Fundação Luso, uma, já antes programada, plantação de 1.000 exemplares de várias espécies, grande parte azevinhos.