Mourinho nada receberá por dois jogos na selecção mas falta acordo do Real Madrid

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José Mourinho Foto: Alessandro Garofalo/Reuters

Um "acordo de princípio" com José Mourinho para orientar a selecção portuguesa nos próximos dois jogos foi a certeza com que Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), saiu do encontro de ontem, em Madrid, com o treinador do Real e com o empresário Jorge Mendes. Falta, no entanto, a autorização do clube espanhol para o técnico se poder sentar no banco nos jogos frente à Dinamarca (8 de Outubro) e à Islândia (dia 12).

Obter o acordo dos dirigentes espanhóis será "difícil", segundo fontes em Espanha, mas Gilberto Madaíl estava ontem à noite optimista quanto à possibilidade de convencer o Real Madrid a prescindir do seu treinador durante uma semana e poucos dias, apurou o PÚBLICO junto de fonte ligada ao processo. O líder federativo regressou a Lisboa, mas espera que as negociações fiquem concluídas hoje ou no início da próxima semana - durante o fim-de-semana não haverá conversações, uma vez que o Real joga amanhã no terreno da Real Sociedad.

Para a complicada tarefa de convencer os merengues, Madaíl conta com a ajuda de Mourinho, que fará pressão junto de Florentino Pérez, um presidente que, por um lado, admira o treinador e sabe que o seu destino à frente do clube pode depender dos resultados que forem alcançados por "Mou", mas que, por outro lado, sabe que o "empréstimo" do treinador à selecção pode criar mau ambiente. Basta lembrar que o capitão do Real, Iker Casillas, disse ontem que não acredita nesta possibilidade, defendendo que "Mourinho pensa única e exclusivamente no Real Madrid".

Os primeiros contactos da FPF com o clube já decorreram ontem, sabendo-se que a ideia de ver Mourinho a dirigir dois jogos de Portugal não agrada aos espanhóis. Emilio Butragueño, director de Relações Institucionais do Real, foi o único responsável do clube a comentar o caso, qualificando-o como "novo e sem precedentes": "Se à direcção desportiva não chegou qualquer informação, não há mais nada a dizer sobre o assunto. Se se converter em algo oficial, veremos o que decide o clube."

O desejo de Mourinho é mesmo ajudar a selecção portuguesa num momento difícil, por muito que a hipótese esteja a surpreender o mundo do futebol - no Real Madrid há mesmo quem não entenda porque o convite da FPF não foi imediatamente recusado pelo técnico.

Certo é que Gilberto Madaíl foi a Madrid pedir ao treinador para dirigir Portugal por dois jogos, alegando que se trata de um imperativo nacional. E Mourinho aceitou esse "serviço à nação", como o descreveu ao PÚBLICO uma fonte ligada ao processo.

Se o Real Madrid der o aval, Mourinho vai dedicar-se à selecção durante pouco mais de uma semana, e numa altura em que o plantel merengue ficará sem grande parte dos jogadores. Os dois jogos da selecção situam-se entre o encontro do Real Madrid com o Deportivo (3 de Outubro) e a visita ao Málaga de Jesualdo Ferreira (provisoriamente agendada para 17 de Outubro, dois dias antes da vista ao Milan).

Embora não haja ainda nenhum acordo assinado, Mourinho nada cobrará à FPF se orientar a equipa frente à Dinamarca e Islândia, encontros em que seria acompanhado pelos adjuntos Rui Faria, Silvino e José Morais.

Ontem foi aventada a possibilidade de a colaboração com José Mourinho ser alargada, depois de Outubro, a um cargo de supervisão técnica, em que teria poder de decisão nas convocatórias, seria coadjuvado por um treinador de campo e só se sentaria no banco nos jogos da fase final do Europeu. Mas o PÚBLICO sabe que essa hipótese está fora de questão.

Caso falhem as negociações com o Real Madrid para ter o Special One por dois jogos, a FPF deverá retomar aquela que até agora era a sua opção principal: Paulo Bento, um treinador que o próprio Mourinho vê com bons olhos. com Nuno Ribeiro, em Madrid.

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