Presente de Morte

Perguntávamos por onde anda Donnie Darko, aqui está ele. Ou bem, não está - devemos talvez concluir que Donnie Darko não volta, aliás era o que o filme dizia. E Richard Kelly, voltará?

Durante algum tempo, parece que sim. Uma sonolência triste a tomar conta da narração, o avanço da estranheza pelo quotidiano doméstico rápida e habilmente transformada em matéria de facto. Depois, e a partir, digamos, da meia-hora (é uma doença que afecta todo o segmento intermédio do filme), um investimento estilístico que se torna ostensivo, gritado, afectado (como se vê shyamalanesca sequência da biblioteca), que vem desgarrar a concisão narrativa sem conquistar nada com a troca. Pelo contrário, apenas uma rigidez intrusiva (como nunca acontecia em "Donnie Darko"), a mesma que, na narrativa, transforma as personagens em meras marionetas (que elas são, efectivametne, mas não neste sentido).

A história - do grande Richard Matheson - pedia tudo menos esta espécie de empolamento. Pedia sombras, sussurros, concentração; pedia Tourneur ou Corman, o preto e branco da RKO ou as cores da UIP; pedia Vincent Price em vez de Frank Langella (que vai muito bem mas não pode nada contra o facto de não ser Vincent Price). Mas isso já acabou tudo.

Sugerir correcção
Comentar