Lula assina contrato de concessão de central de Belo Monte

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Manifestação de índios contra a barragem de Belo Monte Roberto Jayme/Reuters

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, assinou ontem a concessão da polémica central hidroeléctrica Belo Monte, na Amazónia.

“O que está acontecendo hoje aqui é o fim de um período em que as pessoas tinham medo de governar, de debater. O que está acontecendo aqui, e vai passar para a história, é que estamos tornando possível algo que, durante 30 anos, parecia impossível”, disse Lula da Silva numa cerimónia em Brasília.

Durante o discurso, Lula afirmou que há pessoas que ainda são contra a construção da hidroelétrica, que deverá entrar em funcionamento em 2015. Lula até lembrou que ele mesmo chegou a fazer vários discursos contra Belo Monte, sem sequer conhecer o projecto. “Vocês não sabem quantos discursos fiz contra Belo Monte sem nem saber o que era. E é exactamente no meu governo que acontece Belo Monte”, disse, uma central que é “uma vitória para o sector energético”.

Os opositores da central, que será construída no rio Xingu, um afluente do Amazonas, no estado do Pará, conta com a oposição das comunidades indígenas locais que ficarão com o seu modo de vida ameaçado. Cerca de 50 mil índios e camponeses terão de abandonar a região, após o alagamento de mais de 500 quilómetros de terras. A oposição ao projecto ganhou visibilidade internacional com a presença do realizador James Cameron (Avatar).

Já o Governo diz que a barragem vai criar emprego e vai ser positiva para o desenvolvimento da região, que é essencial para que se mantenha o crescimento económico do país, e que é um meio de produzir energia limpa. Deverá custar 20 mil milhões de reais (quase 9 mil milhões de euros) e terá um potencial máximo de 11 mil megawatts nos períodos de cheia do rio Xingu (que os críticos do projecto dizem ser apenas três meses por ano).

Ontem, o Presidente sublinhou que se tem discutido não só a construção da obra mas também como compensar as pessoas que vão ser afectadas. “As pessoas vão perceber que não as estamos enganando, que estamos trabalhando sério na questão social.” Lula acrescentou ainda que o projecto actual irá causar menos impacto do que o original, alagando uma zona menor em volta da barragem.

Belo Monte será a terceira maior central do mundo, a seguir à das Três Gargantas (China) e Itaipu (Brasil e Paraguai).

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