Greve dos trabalhadores de limpeza de Sintra marcada por incidentes

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Os trabalhadores iniciaram na segunda-feira uma greve parcial Rui Gaudêncio

Contra despedimentos e o congelamento de salários, os trabalhadores da empresa municipal de Sintra de recolha de lixo, HPEM- Higiene Pública iniciaram segunda-feira à noite uma paralisação parcial entre as 23h00 e as 01h00, que se prolonga até à próxima terça-feira e que ficou já marcada por dois incidentes.

O presidente do Conselho de Administração (CA) da empresa, Rui Caetano, disse hoje ao PÚBLICO que um funcionário que foi trabalhar foi agredido por um colega que fez greve, durante a madrugada, quando seguia para casa no transporte que a empresa disponibiliza, tendo sido assistido pelo INEM.

Mas houve um outro caso que se passou dentro das instalações da própria empresa que envolveu um outro trabalhador, que também foi agredido, mas sem a gravidade do primeiro. Rui Caeteno não adiantou mais pormenores, mas denunciou a "pressão" que os dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) estão a fazer junto daqueles que não estar a aderir à greve.

No primeiro dia, a greve teve uma adesão maior nos trabalhadores da recolha do lixo que, de acordo com José Manuel Marques, dirigente do SATL, foi superior a 90 por cento, um valor ligeiramente inferior no sector da varredura.

A greve acontece sempre no início de cada turno. No caso dos trabalhadores da recolha do lixo, a paralisação inicia-se às 23h00 e depois às 06h00, já no sector da varredura a paralisação cumpre-se às 07h30.

A administração da empresa, pela voz do presidente, avança com números bem diferentes. O primeiro turno, afirmou Rui Cateno, registou uma adesão de 38,37 por cento e o segundo 51,69 por cento. No caso do sector da varredura adesão foi de 11,84 por cento.

Os trabalhadores, que têm marcada para sexta-feira de manhã uma paralisação junto à Câmara Municipal de Sintra, denunciam a “prepotência da administração da empresa que "se prepara para despedir vários funcionários," segundo disse ao PÚBLICO José Manuel Marques. “Os trabalhadores estão em greve contra “a intenção de despedimentos, em defesa dos seus direitos e contra a prepotência do conselho de administração” da HPEM- Higiene Pública Empresa Municipal, sublinhou o sindicalista.

“A empresa mandou embora pessoal contratado. Os contratos acabam e mandam-nos embora quando não há pessoal suficiente para todos os circuitos”, disse, por seu lado, o presidente do sindicato, Francisco Brás, que acusa a administração da HPEM de "não cumprir o que está estabelecido no contrato de trabalho".

A empresa nega e, em declarações ao PÚBLICO, Rui Caetano afirma que os fundamentos da paralisação não fazem qualquer sentido e lamenta que o STAL tenha apenas feito chegar à empresa o pré-aviso de greve sem previamente ter iniciado qualquer processo negocial com a administração ou solicitado qualquer esclarecimento sobre a situação.

Ao mesmo tempo, Rui Caetano nega que exista uma lista de despedimento e apenas confirma que foi dispensado um trabalhador. “O ano passado houve uma solicitação da câmara de Sintra junto da empresa no sentido de a recrutar pessoal, este ano houve uma solicitação no sentido de reduzir pessoal, pelo que os lugares que foram preenchidos extinguiram-se”, disse o presidente da HPEM.

Rui Caetano acusou ainda o STAL de estar a “pressionar” os trabalhadores a não assegurarem os serviços mínimos no período de greve, desrespeitando uma determinada dos ministérios do Ambiente e do Trabalho.

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