Monólogo do Barcelona mas quem passou foi o Inter de Milão

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Mourinho festeja a presença na final Alessandro Bianchi/Reuters

O Inter de Milão teve que sofrer em Barcelona mas conseguiu assegurar o acesso à final da Liga dos Campeões. A equipa de Mourinho jogou mais de uma hora reduzida a dez.

Estariam os regadores da relva de Camp Nou programados para aquela hora ou foi alguém que, num misto de orgulho e fúria blaugrana os ligou para encharcar quem lá tinha ficado? Os regadores funcionaram na altura em que o Inter de Milão festejava o apuramento para a final da Liga dos Campeões, eliminando o Barcelona, apesar do triunfo da equipa catalã por 1-0. No meio do relvado, a correr de braços no ar, estava José Mourinho, eleito o inimigo número um do barcelonismo, desafiante, a saborear um dos mais difíceis sucessos da sua carreira.

Mourinho chegou a uma cidade onde já trabalhou, saiu a ganhar e vai encontrar na final de Madrid (uma cidade que o deseja) a 22 de Maio o Bayern Munique treinado por Louis van Gaal, que o técnico português cita como uma das suas grandes influências dos tempos do Barcelona.

Da primeira mão haviam ficado os 3-1 para o Inter e a arbitragem contestada de Olegário Benquerença. O Barcelona queria vingança, queria a “remontada” e fazer valer a qualidade do seu futebol, queria libertar a magia de Leo Messi, tão bem contida pelo Inter no Guiseppe Meazza. Em Camp Nou queria-se a humilhação de “Mou” e a passagem à final de Madrid. Desejava-se a conquista de mais um título europeu, o segundo consecutivo e o quarto da história do clube.

Pep Guardiola não poupou nos artistas, estavam lá Messi, Ibrahimovic, Xavi, Pedro, Daniel Alves. Mourinho repetiu quase o mesmo esquema da primeira mão, apenas substituindo à última hora Pandev (lesionado) por Chivu.

O domínio catalão aconteceu e o Inter raramente teve a bola. A estatística assim o mostra: 75 por cento de posse de bola para os catalães, que efectuaram 555 passes certos, contrariando 67 do Inter, o mais baixo número nesta edição da Champions.

O Barcelona podia efectuar passes certos, mas o Inter estava no caminho do último passe e raramente Júlio César teve de se aplicar. Apenas uma vez na primeira parte, um remate de Messi que obrigou o guardião brasileiro a defender para canto.

A vocação defensiva do Inter cresceu quando Tiago Motta, um ex-Barcelona, foi expulso (26’) por agredir Busquets. O Inter jogou mais de uma hora com menos um, mas isso é uma situação que Mourinho ensaia nos treinos e a equipa italiana (sem italianos) sentiu-se confortável com a inferioridade numérica.

Apesar do domínio territorial e em remates (15/1), o Barcelona só se empolgou quando Piqué, um defesa, recebeu a bola de Xavi, fintou Córdoba e Júlio César e marcou o primeiro do Barcelona (84’). Por minutos, os catalães acreditaram, mas foi o seu inimigo que festejou na relva molhada. “A derrota mais saborosa da minha carreira”, confessou Mourinho no final. O Barcelona despertou do sonho que já durava desde a época passada. O Inter, campeão europeu duas vezes com o mestre do “catenaccio” Helenio Herrera, vai a caminho da sua quinta final, a primeira desde 1972.

Notícia actualizada às 23h18
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