Conselho de administração da Cimpor esteve ontem reunido para dar resposta à OPA

Foto
Pedro Cunha (arquivo) Cimpor está presente em 16 países

O encontro, que contou com a presença dos dois franceses que representam a Lafarge, serviu não só para debater o sentido da oferta da CSN, mas sobretudo para pôr em marcha a organização da defesa da empresa perante o ataque brasileiro.

Apesar de tudo apontar para que a oferta venha a ser chumbada, uma decisão final apenas será anunciada quando os detalhes da operação forem conhecidos. O encontro de ontem serviu também para analisar as várias sensibilidades que existem dentro da Cimpor, nomeadamente a possibilidade de alguns accionistas quererem vender as suas posições e assim posicionar o capital que está sentado na administração na mesa das negociações com a CSN.

Tal como já acontece desde sexta-feira, a gestão da Cimpor tem mantido contactos múltiplos com várias entidades, nomeadamente juristas, várias empresas de comunicação e um sindicato bancário.

No conselho de administração da Cimpor estão representantes da construtora Teixeira Duarte (23 por cento), de Manuel Fino (10 por cento), da CGD (9,6 por cento), da Lafarge (17 por cento) e da espanhola Atlansider (6,4 por cento), que nomeou o presidente da empresa Bayão Horta. Com 10 por cento da Cimpor, o Fundo de Pensões do BCP, não está na administração, mas tem, em todo o caso, uma palavra a dizer sobre o futuro da empresa. Tendo em conta que o capital está muito concentrado nas mãos de investidores com assento na gestão, não há tanta pressão para a empresa se pronunciar publicamente sobre a proposta da CSN. É previsível que, a haver negociações, elas decorram nos bastidores.

Em cima da mesa está ainda uma outra solução que passa pela reconstrução de uma novo núcleo duro, articulado entre Manuel Fino (Soares da Costa), a Bipadosa (Atlansider) e os brasileiros da Camargo Corrêa.

Este grupo, vocacionado para a construção de infra-estruturas e de obras públicas no Brasil assumiria uma posição relevante na empresa, embora com partilha do poder, o que agradaria ao Governo. A Camargo Corrêa já esclareceu que embora não esteja "a estudar ou a preparar o lançamento de uma oferta pública de aquisição sobre a Cimpor", tem mantido "conversas informais com accionistas", com vista a "identificar possíveis oportunidades de actuação conjunta entre ambos os grupos empresariais". E ontem garantiu que não está a estudar "o lançamento de qualquer OPA concorrente".

Em causa está o futuro da maior e mais internacionalizada empresa industrial portuguesa, com presença em 16 países. A Cimpor está entre as dez maiores cimenteiras mundiais.

A OPA foi anunciada na sexta-feira, mas só será formalmente lançada quando o projecto der entrada na CMVM. A CSN tem 20 dias, desde a divulgação da sua intenção, para entregar a documentação. De seguida os accionistas da Cimpor têm uma semana para se pronunciar.

Sugerir correcção
Comentar