O grupo Prisa, proprietário do El País e que em Portugal é accionista maioritário da Media Capital que controla a TVI e o Rádio Clube Português, e a Mediaset, holding detida pelo primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi, anunciaram ontem a fusão das suas televisões que emitem em aberto em Espanha.

Cuatro, o canal aberto de televisão em Espanha propriedade de Sogecable, sociedade do grupo Prisa, vai ser integrada na Telecinco, cadeia da Mediaset.

Segundo a nota ontem divulgada à Comissão Nacional do Mercado de Valores de Espanha por ambas companhias, a Telecinco adquire, por troca de acções, a integridade do capital social de uma nova sociedade que incluiu a Cuatro. Do mesmo modo, a Telecinco vai adquirir uma participação de 22 por cento na Digital Plus, a plataforma digital explorada pela PRISA.

Por seu lado, o grupo espanhol receberá acções de nova emissão da Telecinco que, após um aumento de capital, equivalem a 18,3 por cento do capital total. As acções estão avaliadas em 550 milhões de euros de acordo com a cotação média do último mês. Além do mais, a Prisa receberá 500 milhões de euros em efectivo pela venda de 22 por cento de Digital Plus. Os espanhóis terão uma presença proporcional à sua participação no Conselho de Administração da Telecinco, o mesmo ocorrendo com o grupo italiano.

O grupo televisivo resultante desta fusão terá mais de 20 por cento da audiência, portanto abaixo do tecto de 27 por cento imposto pela legislação que permite fusões televisivas aprovada em Maio último pelo Governo. "Esta operação configura um novo panorama no mercado televisivo em Espanha no qual a Telecinco será líder das emissões em aberto e a Digital + das emissões por subscrição", sublinham ambas as companhias. As duas marcas, Cuatro e Telecinco, mantêm-se separadas no mercado.

A fusão ontem anunciada sucedeu-se a fracassadas negociações entre a Prisa e a Mediapro, accionista de referência da cadeia La Sexta e que também detém o diário espanhol Público. Esta televisão, a mais recente em Espanha, acelerou nas últimas semanas as negociações para uma fusão com a Antena 3, controlada pelos espanhóis do grupo Planeta e os italianos De Agostini. Esta operação será concluída em breve, pois o memorando de entendimento assinado pelas partes estima um prazo máximo de dois meses, embora já tenha sido revelado que a futura holding vai ser controlada a 77 por cento pelo Grupo Planeta.

Esta nova união televisiva dará lugar a um grupo com oito canais de televisão, também conservando as suas marcas e independência de programação, com uma quota de audiência de 22,6 por cento, dos quais 16 pontos correspondem aos canais de Antena 3 TV. Neste negócio, a Mediapro vai ter acesso ao negócio radiofónico, porque participará indirectamente na Onda Cero, emissora do grupo Planeta.

Contudo, o grande objectivo da nova holding é a exploração de uma plataforma de Televisão Digital Terrestre (TDT) por subscrição com vários canais.

"A meta é conseguir uma plataforma de TDT por subscrição que, por um preço muito acessível, possa oferecer canais de muita qualidade, com filmes, séries, entretenimento e desporto", confirmou ontem Jaume Roures, presidente de Mediapro. Segundo Roures, na nova plataforma haverá entre dois a quatro canais dedicados à TDT por subscrição". Ontem, o patrão da Mediapro anunciou que o processo de fusão com Antena3 está em fase acelerada. "As negociações avançaram muito, já percorremos muito caminho e posso ser optimista de uma conclusão curto prazo", assegurou.