Moratinos aconselha Haidar a abandonar greve de fome

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Haidar foi expulsa por Marrocos ao regressar dos Estados Unidos, a 14 de Novembro Borja Suarez/Reuters

A declaração foi feita numa conferência de imprensa com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, após um encontro em Washington em que o assunto, que não estava na agenda, foi abordado. A Espanha e os EUA vão trabalhar de “forma imediata” para que Haidar possa abandonar a greve de fome, disse, sem outras explicações.

“Dois países aliados e associados, com interesses importantes na zona, têm que cooperar e é isso que temos estado a fazer desde o início, para encontrar uma solução humanitária para a senhora Haidar. Pedindo-lhe, não pressionando, apenas sugerindo, que a sua causa justa e legítima possa seguir sem necessidade de continuar a sua greve de fome”, afirmou, segundo a citação da agência espanhola Europa Press.

Moratinos afastou a possibilidade de uma intervenção do Rei Juan Carlos num caso que, disse, é da competência do Executivo. Hillary Clinton, que tal como o ministro espanhol viu o Governo de Rabat fazer, no final da semana passada, orelhas moucas ao seu apelo para uma resolução do caso, não pronunciou uma palavra sobre Haidar – que pretende regressar a El Aauín, de onde foi expulsa quando regressava dos EUA, a 14 de Novembro, por escrever Sara Ocidental e não Marrocos no cartão de desembarque. Rabat acusa Haidar de ter recusado cumprir “as formalidades habituais de polícia e de renunciar à nacionalidade marroquina”.

Para além de Hillary Clinton também congressistas e senadores norte-americanos se ocuparam já do assunto, fazendo diligências quer junto da administração Obama quer contactando directamente as autoridades marroquinas. Uma dessas diligências, recordava o diário El País, foi um telefonema do presidente da Comissão de Relações Externas do Senado e antigo candidato à Presidência, John Kerry, ao embaixador de Rabat em Washington a pedir flexibilidade no tratamento da situação.

Também o secretário-geral das Nações Unidas viu já os seus apelos serem rejeitados por Marrocos. “Não é uma questão humanitária, mas uma decisão política”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Taieb Fassi-Fihri, a Ban Ki-moon. O seu país, acrescentou, “não se deixa levar por chantagens”.

Em declarações à AFP, o ministro da Comunicação, Khalid Naciri, repetiu entretanto o entendimento das autoridades marroquinas de que a greve de fome de Aminatu Haidar é um “complot sistemático, metódico, urdido pela Argélia”. “O timing é significativo. A Argélia está numa posição de fraqueza no que diz respeito ao plano de autonomia apresentado por Marrocos para o Sara Ocidental, que foi bem acolhido pela comunidade internacional”. O caso, disse ainda o também porta-voz do executivo, é “uma instrumentalização odiosa”.

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