PS diz-se empenhado num consenso sobre combate à corrupção, PSD congratula-se

"Congratulamo-nos com a adesão do PS à nossa proposta. Significa isto que o PS passará a fazer parte da solução e não parte do problema", declarou o líder parlamentar social-democrata, José Pedro Aguiar-Branco, durante um debate sobre combate à corrupção agendado pelo PSD.

Aguiar-Branco tem defendido "um amplo consenso" parlamentar nesta matéria, palavras que hoje foram subscritas pelo líder parlamentar do PS, Francisco Assis, com a ressalva de que as "divergências sérias" que se verifiquem entre os partidos não deverão ser confundidas com falta de empenho.

Francisco Assis reiterou que o PS concorda com a proposta do PSD de criação de uma comissão parlamentar para, no prazo de 180 dias, apresentar conclusões sobre medidas legislativas de combate à corrupção.

O líder parlamentar socialista defendeu que deve haver "uma discussão serena e ponderada, para encontrar os máximos consensos possíveis", em que sejam analisadas as propostas de todos os partidos na tentativa de que, no final, "todos em conjunto" possam prestar "um serviço útil ao país".

Na intervenção com que abriu o debate, Aguiar-Branco acusou o PS de "irresponsabilidade" na anterior legislatura por "ter ignorado" as propostas de combate à corrupção "de todos os outros partidos com assento nesta Assembleia e até mesmo de figuras destacadas do PS, entre as quais João Cravinho".

"Irresponsável, senhores deputados, é ficar pelas palavras em matéria de corrupção", rematou o ex-ministro da Justiça, considerando que "a corrupção é a grande pandemia económico-social deste século".

Referindo-se a algumas das prioridades do Governo socialista, o dirigente social-democrata declarou: "Nunca seremos um país rico e desenvolvido, por mais planos tecnológicos, carros eléctricos e energias alternativas que se anunciem, enquanto convivermos de forma natural com uma cultura de corrupção e nos conformarmos com um sistema de justiça que funciona mal".

A seguir, o líder parlamentar do BE, José Manuel Pureza, considerou que 180 dias de trabalho da comissão proposta pelo PSD "parece ser um tempo demasiado", ao que Aguiar-Branco respondeu dizendo que quer evitar "que haja álibis de falta de tempo".

"Somos e seremos contra legislar por, para e por causa de casos concretos, à pressa e, sobretudo, sem prever meios para executar as leis. Dá maus resultados", declarou, por sua vez, o deputado do CDS-PP Nuno Magalhães, questionando, em concreto, algumas das soluções propostas pelo PSD.