Chefe das prisões do Khmer Vermelho pede para ser ilibado

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A acusação pediu 40 anos de cadeia para este homem Reuters

O chefe das prisões do regime do Khmer Vermelho, que vigorou no Camboja de 1975 a 1979, Kaing Guek Eav, “Duch”, acusado de milhares de mortes, pediu hoje ao tribunal que o liberte.

Este pedido levantou dúvidas sobre as suas anteriores declarações em que aceitava a responsabilidade por tudo o que se passou nos chamados Campos da Morte, dizendo até que pedia perdão

Os juízes não se pronunciaram de imediato sobre o pedido de clemência, preferindo prosseguir com o julgamento, que dura há nove meses, em Phnom Penh, a capital cambojana.

Foi no último dia dos depoimentos do primeiro membro do regime a ser julgado que ele argumentou não ser um dos cabecilhas do tenebroso sistema político, pelo que o deveriam libertar, aos 67 anos.

Anteriormente, a acusação pedira 40 anos de cadeia para este homem acusado de “crimes contra a humanidade, esclavagismo, tortura, abusos sexuais e outros actos desumanos”, durante o tempo em que coordenou o estabelecimento prisional S-21.

Foram pelo menos 1,7 milhões as pessoas mortas às mãos do Khmer Vermelho e só sete das 14.000 pessoas que passaram pela cadeia de “Duch” é que conseguiram sobreviver, numa prova da extrema brutalidade de um regime que já tem sido considerado ultramaoísta.

O tribunal, constituído por três juízes cambojanos e dois estrangeiros, pediu esclarecimentos ao advogado de defesa, perguntando se não haveria um erro de tradução quando se ouvia que o réu estava a pedir que o libertassem; e a solicitação foi então confirmada, sob o argumento de que ele não se encontrava no topo da hierarquia do regime de Pol Pot, já falecido.

As testemunhas têm vindo a falar de espancamentos com tubos de metal, choques eléctricos e prisioneiros obrigados a comer os próprios excrementos, como algumas das barbaridades que se verificavam na antiga escola secundária transformada em prisão.

Além de coordenar pessoalmente aquele presídio, “Duch” tinha responsabilidades em todo o sistema prisional, pelo que se prevê para ele uma pena pesada, quando a sentença vier a ser lida, possivelmente no mês de Março do próximo ano.

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