Longe da Terra Queimada

A estreia na realização de Guillermo Arriaga, o argumentista de "Amor Cão" e "Babel"

Em Portland, uma mulher solitária que é "maître d''" num restaurante de classe vai para a cama com todos os que lhe aparecem à frente. No Novo México, uma caravana em fogo traz a dor a duas famílias. No México, um piloto que pulveriza colheitas tem um acidente. A estreia na realização de Guillermo Arriaga, o argumentista de "Amor Cão" e "Babel", segue à risca a estrutura fragmentada em mosaico de histórias que parecem não ter nada a ver umas com as outras e, vai-se a ver, estão todas cruzadas - só que, aqui, Arriaga atira mais um pauzinho para a engrenagem ao colocar parte dos dados num plano temporal diferente.


O que não seria um problema se não se desse o caso de, uma vez deslindado o enigma, tudo não passar de uma versão fronteiriça dos velhos romances adolescentes aqui projectada para as suas consequências futuras de modo pesadamente pomposo. A fragmentação da narrativa acaba por parecer uma manobra de diversão para dar espessura e interesse a uma história banal, desperdiçando no processo a elegância clássica da encenação de Arriaga, a beleza da fotografia de Robert Elswit e John Toll e o empenho do elenco. Ponhamos a coisa assim: gostamos mais de "Longe da Terra Queimada" do que de "Babel", mas isso não o torna mais do que um esforço sincero mas falhado.

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