Cats on Fire ao vivo

Foto
Cats On Fire

Nostálgicos dos Smiths, uni-vos e gastai dez euros

Sim, é verdade que o mundo não deve muito à pop finlandesa de guitarras. Na realidade deve qualquer coisa como dez euros, o preço de um bilhete para ver hoje, dia 9, os Cats On Fire n'O Meu Mercedes É Maior que O Teu (Porto), e amanhã (dia 10) no Maxime (Lisboa).

É certo que a Finlândia é o país das energias renováveis, dos sistemas educativos e de saúde vanguardistas, da alta tecnologia, mas nada disso surge na música dos Cats On Fire. Não, nada disso, os Cats on Fire não correspondem à ideia preconcebida que temos dos finlandeses: o universo deles não tem Nokias nem trenós, antes canções indie de guitarras, versando as pequenas mundanidades melancólicas dos dias.

A grande dívida dos Cats on Fire é para com os Smiths. A voz de Mattias Bjorkas tem aquela mistura de enfado e tristeza que lembra Morrissey - em particular numa canção como "Lay down your arms", segundo tema do segundo disco da banda, "Our Temperance Movement", acabado de editar.

Então o que salva os Cats On Fire da simples imitação? Antes de mais, não é como se fossem émulos dos Smiths. Por "Our Temperance Movement" passa, numa canção como "Letters from a voyage to Sweden", a sombra dos Go-Betweens. Há pequenas nuances pastorais em "Never sell the house" que lembram os Belle and Sebastian. E uma análise de "The Province Complains", disco de estreia, revela certa percentagem dos Wedding Present naquelas guitarras.

Ou seja, fãs dos Smiths, sim, mas antes do mais, herdeiros de um tradição de pop literária à guitarra. O que os leva a ser cultores do single de 45 rotações e assim produzirem grandes canções imediatas como "Drawn in the reins" (confirmem no Youtube), "Lay down your dreams", "Tears in your cup" (Smiths ou Aztec Camera?) ou a lindíssima "Horoscope". Tudo boas razões para, como costumam dizer os nossos candidatos a primeiro ministro, pôr os olhos na Finlândia. Ou pelo menos os ouvidos nos Cats On Fire.

Sugerir correcção
Comentar