Erro à Higuita na 16.ª Supertaça do FC Porto

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Farías marcou o primeiro golo Nacho Doce/Reuters

Quando acabar de construir a sua máquina do tempo, Cássio vai regressar rapidamente ao minuto 59 da 31.ª Supertaça Cândido de Oliveira para reparar o que fez. Algo correu terrivelmente mal para um guarda-redes quando faz lembrar René Higuita – e não pela defesa escorpião em Wembley. O colombiano coleccionou internacionalizações e defesas, mas é especialmente recordado pelo golo que sofreu no Mundial 1990 quando tentou fintar Roger Milla.

Cássio não despachou a bola, Ernesto Farías tirou-lha e inaugurou o marcador da 31.ª Supertaça Cândido de Oliveira, que até então estava equilibrada e tinha mostrado um Paços de Ferreira de qualidade. Quando Bruno Alves marcou o 2-0, a um minuto do fim, já os pacenses estavam derrotados. O FC Porto venceu a prova pela 16.ª vez e volta a somar mais títulos do que as outras equipas juntas. Depois da Taça de Portugal na época passada, Jesualdo Ferreira supera a barreira da Supertaça, que lhe escapou nos dois anos anteriores.

O FC Porto começou esta temporada como terminou a outra, de taça na mão. Mas não foi fácil confirmar o favoritismo no Estádio Municipal de Aveiro. O Paços de Ferreira começou melhor e foi uma equipa com grande elasticidade táctica. Os dois primeiros momentos de perigo aconteceram no mesmo lance e na área portista. Cristiano rematou de longe, Helton defendeu com dificuldade e Baiano desperdiçou a recarga de cabeça. Pelo pé esquerdo de Cristiano passou grande parte do jogo ofensivo dos castores e foi ele que, em colaboração com Pedrinha, voltou a protagonizar novo duelo com o guarda-redes.

O FC Porto, entretanto, somava perdas de bola no meio-campo e tinha muitas dificuldades para avançar, culpa da primeira linha de defesa muito subida do adversário. Quando atacava, o Paços usava uma defesa de três elementos, porque recuava Ricardo para terceiro central e subia os laterais, uma medida que povoava o ataque e que foi importante para travar os contra-ataques do FC Porto, a melhor arma do campeão nacional na época passada.

Sem espaço, os “dragões” demoraram 20 minutos a soltar-se. Varela espreitou para a área e teve que arriscar um pontapé em arco improvável, porque Lisandro está em Lyon. Até Farías saltar do banco, foi Hulk, como previsto, que jogou no meio. Um minuto depois, naquele seu estilo de insecto que está a embater num pára-brisas, mas não se importa, o brasileiro inventou uma oportunidade, mas Belluschi, um dos três reforços no “onze”, atirou contra um adversário. Logo a seguir, Varela teve a última real oportunidade da primeira parte.

O pontapé de baliza

Ao intervalo, Jesualdo Ferreira lançou um ponta-de-lança e a aposta, ainda que por uma via inimaginável, deu frutos. Mas só depois de Fucile roubar o pão da boca a Cristiano. Paulo Sérgio, treinador do Paços de Ferreira, só não estava preparado para o que aconteceu. Num pontapé de baliza aparentemente inofensivo, Cássio trocou passes com Ricardo e, pressionado por Farías, mais camaronês do que argentino naquele momento, preferiu sair a jogar do que livrar-se da bola de qualquer maneira. Foi uma opção péssima para os castores e óptima para os “dragões”, que descobriram ouro quase sem o procurar. Paulo Sérgio levou a mão à cara, Cássio levantou o braço num gesto de desculpa.

A partir daí, mandou mais o FC Porto, que chegou ao 2-0 final graças a uma cabeçada imparável de Bruno Alves num canto que confirmou a vitória e o estatuto do campeão como a equipa desta prova. É a que tem mais participações (25), mais títulos (16), mais jogos (49 dos 59 que já houve), mais vitórias (21), mais empates (14), até mais derrotas (14); o jogador com mais títulos (João Pinto, oito), o mais goleador (Domingos, seis) e o treinador com mais títulos (Artur Jorge, três).

Ficha de jogo

FC Porto, 2


Paços de Ferreira, 0


Estádio Municipal de Aveiro.Assistência
cerca de 16.000 espectadoresFC Porto
Helton 6; Fucile 5, Rolando 6, B. Alves 6, A. Pereira 6; Fernando 6, Belluschi 6 (Farías 7, 46’), R. Meireles 5 (Guarín -, 90’); Mariano 6, Varela 6 (Tomás Costa 6, 74’), Hulk 6. Treinador
Jesualdo FerreiraP. Ferreira
Cássio 3; F. Anunciação 6 (Carlitos 5, 65’), Ozéia 6 (Coelho -, 83’), Kelly 5, Jorginho 6; L. Olímpio 6, Ricardo 6, Pedrinha 6 (William 5, 68’); Baiano 5, Cristiano 6, Romeu Torres 6. Treinador
Paulo SérgioÁrbitro
Jorge Sousa 6, do Porto. Amarelos
Jorginho (37’), A. Pereira (43’), F. Anunciação (47’), Romeu (48’), B. Alves (48’), L. Olímpio (55’) e Ozéia (71’).Golos
1-0, por Farías, aos 59’; 2-0, por Bruno Alves, aos 89’

PositivoCristiano

O perigo que Cristiano conseguiu criar nos primeiros minutos lançou o Paços de Ferreira para um jogo confiante.


Belluschi

Sim, desperdiçou a melhor oportunidade do FC Porto na primeira parte, porque demorou mais do que devia, mas foi o médio portista que melhor encontrou os colegas. Saiu ao intervalo.


NegativoCássio

A primeira preocupação de Helton no final foi atravessar o campo para confortar Cássio e só depois festejar. Ora aí está o que um guarda-redes deve querer evitar: a solidariedade de outro guarda-redes.


Fucile

Cristiano obrigou-o a começar mal e o lateral uruguaio partiu para um jogo com um toque a mais, com passes errados e para uma série de erros.


Notícia actualizada às 0h07
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