Três é de mais, mas não para a Calvin Klein

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Grace Washburn passa todos os dias com o filho, de seis anos, no cruzamento da Lafayette com a Houston Street, no limite do Soho, Nova Iorque, mas está a pensar mudar de itinerário desde que a Calvin Klein instalou um gigantesco outdoor na esquina.

Assim de repente, não acha que seja "necessário este tipo de conteúdo extremadamente sexual" (uma cena que, tecnicamente, está entre um ménage à trois e uma orgia, como esclarece o blogue do Village Voice) para "vender umas calças de ganga". Não é a única a queixar-se: 59 por cento dos participantes de um inquérito do New York Daily News consideram que a Calvin Klein "pisou o risco" nesta campanha e que a imagem do cartaz é "declaradamente obscena".

Também não é a primeira vez que a Calvin Klein é acusada de ir longe de mais: em Fevereiro, o anúncio televisivo que lançou a nova campanha (outra coisa a três, mas só com raparigas: as modelos Anna Selezneva, Anna Jagodzinska e Natasha Poly umas em cima das outras) foi proibido e a companhia teve de editar o conteúdo; há um ano, o vídeo em que Eva Mendes publicitava o novo perfume da marca foi retirado da televisão logo depois das primeiras emissões.

Faz parte do espírito da Calvin Klein: a primeira grande campanha da marca incluía uma Brooke Shields de 15 anos a perguntar "Do you know what comes between me and my pants? Nothing" ("Sabem o que é que está entre mim e as minhas calças? Nada"), e uns anos depois houve outra campanha de má fama, com uma Kate Moss anoréctica (Bill Clinton chegou a dizer que achava mal, mas estávamos em 1992 e a heroína era chique).

Desta vez, e ao contrário do que aconteceu em 1995, quando a Calvin Klein recuou diante dos protestos e suspendeu a campanha de lançamento de uma colecção de jeans para crianças considerada no limite da pornografia infantil, não há sinais de desistência: três é de mais para muita gente, mas não para a Calvin Klein. "O nosso objectivo era criar uma campanha muito sensual que dissesse alguma coisa ao nosso público-alvo", limitou-se a dizer o porta-voz da companhia.

Nos próximos dias, vai continuar a haver muita gente a mudar de caminho ("É praticamente pornográfico. Parecem todos tão novos, especialmente a rapariga. Pô-los num ménage à trois é levar isto longe de mais", disse ao New York Daily News outra moradora, Lisa Marchese, de 36 anos) e muita gente a fazer um desvio para passar propositadamente pela esquina da Lafayette com a Houston. A Calvin Klein já aprendeu que qualquer publicidade, mesmo a má, é boa publicidade.

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