Génova

Há uma bulimia criativa intrigante no britânico Michael Winterbottom que o vê saltar de projecto em projecto e de género em género, alinhar filme atrás de filme atrás de filme com uma voracidade insaciável. E essa espontaneidade é estimulante numa altura em que muito cinema parece desenhado por comité. O risco, claro, é que essa vertigem de fazer filmes se torne no único motivo para a sua existência, e "Génova" é um excelente exemplo disso: esta história de um professor universitário e das suas duas filhas que se mudam para Génova para "exorcizar" a morte da mãe num acidente de automóvel parece uma ideia em busca de uma história, um esboço de filme que ainda não encontrou a sua forma definitiva.


Há bons momentos - sobretudo no lado observacional do comportamento das filhas, excelentemente interpretadas por Willa Holland e Perla Haney-Jardine, e no ambiente fantasmagórico que Winterbottom consegue criar a espaços - mas não chega invocar a sombra tutelar de "Aquele Inverno em Veneza", de Nicolas Roeg, e estar disposto a correr riscos para daí resultar automaticamente um filme.

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