Zack e Miri

O desperdício de uma ideia tão boa

Há uma ideia genial a funcionar aqui - e, não se duvide, é mesmo genial: como teria sido "Um Amor Inevitável", a seminal comédia de Rob Reiner com Billy Crystal e Meg Ryan como dois melhores amigos que se descobrem apaixonados um pelo outro, se todo o filme fosse centrado a partir da infame cena do orgasmo na cafetaria?


Trocando por miúdos: Smith, o autor "faça-você-mesmo" de clássicos de culto como "Clerks" e "Dogma", conta a história de Zack e Miri, dois melhores amigos que moram juntos desde que acabaram o liceu mas que nunca pensaram sequer em namorar, até que o estado desastroso das suas finanças os obriga a procurar dinheiro rápido, e a melhor solução parece ser um filme porno rodado lá em casa com a ajuda de amigos. A tal ideia genial, contudo, tropeça no primeiro obstáculo - uma "overdose" infantil, inconsequente de humor de casa de banho e palavrões por dá cá aquela palha que se torna cansativa e não parece ter outra justificação que não o "porque sim". Essa "verborreia" liceal atravessa todo o filme "non-stop" e afoga o bom coração da história, a comédia do desconforto a que Smith parece querer aspirar, a entrega dos seus actores. E, sobretudo, afoga os pontuais momentos inspiradíssimos (e, se arriscarem ir vê-lo, não saiam antes do genérico final acabar senão perdem o melhor gague do filme) - ao ponto de rapidamente darmos por nós a lamentar o desperdício de uma ideia tão boa.

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