Porto evoca os 200 anos do desastre da Ponte das Barcas ocorrido durante as Invasões Francesas

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Desenho do desastre da Ponte das Barcas no Rio Douro (1809) Público (arquivo)

O Porto evoca domingo os 200 anos de um dos episódios mais terríveis da sua história, o desastre da Ponte das Barcas ocorrido durante as Invasões Francesas, que terá provocado a morte a mais de quatro mil pessoas, afogadas nas águas do Rio Douro. Para assinalar a data será colocada uma peça escultórica do arquitecto Souto Moura no local onde a velha ponte se situava, a poucos metros da actual D. Luis I.

A peça, feita em aço corten, simboliza a ligação entre as duas margens, visto que do lado de Gaia ficará instalada uma estrutura metálica semelhante.

No mesmo dia terá lugar na Sé do Porto uma missa onde será interpretado um Requiem à memória de Camões composto por João Domingos Bomtempo, contemporâneo da catástrofe.

A data também será assinalada no sábado no Coliseu do Porto, que acolhe o maior coral alguma vez realizado na cidade, com mais de 500 vozes, numa obra da autoria do cónego Ferreira dos Santos chamada "Portugal" e apresentada, em estreia absoluta, no âmbito das comemorações do Bicentenário das Invasões Francesas. É inspirada em poemas da "Mensagem", de Fernando Pessoa, estando prevista a actuação de duas orquestras e 500 coralistas. Também no sábado, a Biblioteca Municipal Almeida Garrett inaugura uma exposição.

Na sexta-feira, na Casa da Música poderá ouvir-se "A Música Que o Rei Ouvia", temas de Marcos Portugal e João Domingos Bomtempo, autores portugueses contemporâneos de D. João VI, exilado no Brasil na sequência das invasões napoleónicas.

Hoje à tarde, numa iniciativa conjunta entre a comissão responsável pelas comemorações e o jornal PÚBLICO, é lançado um livro em quatro volumes sobre as invasões.

As comemorações continuam mais tarde em Agosto, com a concentração, no Porto, de mais de 500 especialistas num congresso promovido pela Associação Internacional de Historia Militar.

O episódio do desastre da Ponte das Barcas, recordado numa "alminha" instalada numa parede da Ribeira do Porto, ocorreu em 29 de Março de 1809, na sequência da conquista da cidade pelo general Soult, nas segundas Invasões Francesas.

Tomada de pânico face ao avanço das tropas vindas do Norte, a população tentou fugir para o lado de Gaia, onde já se tinha refugiado no dia anterior o bispo do Porto.

O desastre aconteceu por motivos que variam segundo os relatos: uns dizem que a ponte, constituída por 20 barcaças ligadas por cabos de aço, não aguentou a pressão e desfez-se, provocando a queda no rio da multidão. Outra versão refere que, do lado de Gaia, alguém abriu um alçapão na ponte para impedir que os franceses a atravessassem, que "engoliu" os que seguiam à frente na fuga, empurrados para a morte pelos que lhes seguiam a pegada.

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