Luís Serpa lança agência para potenciar Lisboa como cidade criativa

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A cultura tem grande potencial económico? Lisboa pode ser uma cidade de referência nessa área, atraindo talentos e funcionando como um pólo de criatividade que cruze cultura e negócios? Não se fala de outra coisa, mas tem havido uma multiplicação de iniciativas que não estão necessariamente coordenadas entre si.

Perante este cenário, o galerista e gestor de projectos culturais Luís Serpa acredita que chegou o momento de unir esforços numa estratégia conjunta. Vai lançar, em Maio, uma agência autónoma para as indústrias criativas na área metropolitana de Lisboa - a Plataforma Lisboa Transcultural (nome ainda provisório). "Vamos criar uma plataforma de agentes culturais de doze disciplinas das indústrias criativas [que vão da arquitectura aos audiovisuais, das artes visuais e antiguidades à moda, da escrita e publicação à gastronomia, da música à publicidade] para trabalhar em rede, por exemplo, na angariação de fundos, para potenciar a área de Lisboa como plataforma de eventos", explica ao Ípsilon.

O anúncio formal será feito durante uma maratona de debates na Culturgest, de 7 a 30 de Maio, e para a qual foram convidados vários especialistas portugueses e estrangeiros para discutir a possibilidade de transformar Lisboa numa "plataforma transcultural para o século XXI" (a iniciativa chama-se LPT21).

O mês de debates inclui um think tank (dias 7,8 e 9), organizado por Michael DaCosta Babb (co-promotor da Plataforma Lisboa Transcultural), que deverá "definir a agenda para as indústrias criativas na área metropolitana de Lisboa" e que, segundo Luís Serpa, irá depois "manter um papel permanente numa futura agência de indústrias criativas para Lisboa".

Dia 12 realiza-se uma série de seminários com agentes das várias áreas culturais e criativas e consultores de áreas mais técnicas, do marketing à economia. Os dias 21 a 23 serão os das mesas redondas para discutir redes e parcerias, apoios e mecenatos, cidades e revitalização urbana.

A maratona termina com uma conferência (28, 29 e 30), na qual participarão pelo menos dois dos arquitectos estrangeiros com projectos planeados para Lisboa - o brasileiro Paulo Mendes da Rocha (Museu dos Coches) e o britânico David Adjaye (África.cont, centro cultural africano, junto à Av. 24 de Julho).

A grande questão é sempre perceber como se passa das ideias para a prática. Serpa acha que muito está por clarificar - incluindo a definição do que são as indústrias criativas portuguesas. Mas para a plataforma que vai lançar tem já alguns pontos de partida. "A agência tem que ter um ''core business'', um modelo de sustentabilidade, e eu proponho que seja uma central de compras electrónica. Se todos [os participantes da plataforma] nos organizarmos para comprar consumíveis, sejam computadores, telemóveis tinteiros, viagens, estadias, hotéis ou publicidade nos media, teremos uma economia de escala tal que, segundo os especialistas, podemos poupar 15 a 20 por cento dos custos de estrutura. Isso já é um bom negócio."

A agência deverá também funcionar nessa lógica de rede para angariar apoios. "Há empresas com um volume de negócios impressionante que dedicam ao mecenato milhões e esses milhões voltam para o Estado. Queremos que se acabe com esta dependência dos apoios estatais. Nós geramos recursos e mais-valias que têm que ser utilizadas por nós."

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