Zhang Yimou: o dissidente é agora o escolhido pelo regime chinês

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Encomendaram-lhe um filme para celebrar o 60º aniversário da Republica Popular da China

Zhang Yimou, o realizador de "Herói", vai realizar um filme para comemorar o 60º aniversário da Republica Popular da China, foi revelado na quarta-feira pelo canal de televisão chinês China Central Television, noticia a AFP. Está neste momento à procura de um argumento para o projecto, disse a assistente de Zhang.

Outrora considerado um dissidente, com filmes proibidos na China e com uma série de incidentes diplomáticos em festivais internacionais que queriam exibir os filmes que as autoridades chinesas acabavam de proibir, Zhang aprendeu a pactuar com o regime. E é assim que o realizador de "Esposas e Concubinas" parece ter dado o último passo na sua reabilitação. Depois de ter sido escolhido para dirigir a abertura e enceramento dos Jogos Olímpicos em Pequim, no Verão passado (o que lhe valeu olhares de suspeição do Ocidente, onde chegou a ser comparado com Leni Riefenstahl e com a cumplicidade da alemã com o regime nazi), agora, para além de realizar o filme, também irá dirigir a gala de celebração do aniversário da Republica Popular da China, dia 1 de Novembro.

Nascido em 1950, trabalhou durante anos na agricultura e como trabalhador têxtil antes de entrar para a Academia de cinema de Pequim, onde foi colega de Chen Kaige, outro dos nomes de ponta daquela que ficou conhecida como a Quinta Geração do cinema chinês. Foi apresentado ao Ocidente em 1987, com "Milho Vermelho", Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim de 1988 e filme proibido na China. "Viver" foi outro título proibido pelas autoridades, que impediram Zhang de receber pessoalmente o Grande Prémio do Júri em Cannes 1994.

E assim, entre prémios internacionais e proibições dos filmes "em casa", Zhang acabou por ir ao encontro da sua reabilitação. Que começou em 2002 quando realizou o épico "Herói" com a aprovação do governo chinês

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