Ordem dos Médicos preocupada com qualidade do novo curso no Algarve

Foto
Para a Ordem os critérios de selecção podem gerar profissionais "de primeira e de segunda" DR

A Ordem dos Médicos considerou hoje que existe o risco de aparecerem clínicos "com nível de conhecimento e qualidade de formação inferior ao desejável" por causa das condições de acesso ao curso de medicina da Universidade do Algarve (UAlg).

O curso de medicina da UAlg tem a duração de quatro anos e o ensino clínico começa logo no primeiro ano em centros de saúde e na experiência da Medicina Geral e Familiar, seguindo-se o ensino hospitalar a partir do terceiro ano. Os candidatos devem ser possuidores de, pelo menos, um diploma de licenciatura ou equivalente legal e a classificação mínima tem de ser 14 valores.

A primeira etapa da selecção dos candidatos compreende a avaliação de aptidões cognitivas e uma prova de língua inglesa e a segunda fase consiste num conjunto de dez entrevistas.

Em comunicado divulgado hoje, a Ordem dos Médicos considera que "os critérios de selecção, a preparação de base exigida aos candidatos a este curso, a importação de um método de ensino de países com uma cultura distinta da portuguesa e as dificuldades de selecção do corpo docente são indicadores profundamente preocupantes que poderão levar ao aparecimento de médicos com nível de conhecimento e qualidade de formação inferior ao desejável".

Sobre a selecção por entrevista, a Ordem refere que esta "corre o sério risco de ser permeável a influências externas que distorçam completa e inaceitavelmente a transparência do método de selecção e a igualdade de oportunidades". A Ordem alerta para "os riscos futuros da criação deste novo e desnecessário curso de medicina, particularmente numa época em que os constrangimentos financeiros impostos ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) comprometem a sua qualidade e sobrevivência".

Para a Ordem, é por isso "incompreensível que a criação de um novo curso de medicina não cumpra na íntegra as exigências de qualidade de formação pré-graduada em vigor nos cursos já existentes". "Só assim se pode evitar a formação de médicos de primeira e de segunda categoria", alerta este organismo.

No mesmo texto, a Ordem dos Médicos reitera que "não há qualquer necessidade de criar novos cursos de medicina em Portugal" e considera, por isso, "falsa a justificação para a criação do curso de Medicina da Universidade do Algarve". "O actual numerus clausus dos sete cursos de medicina que existem em Portugal ultrapassa já as necessidades futuras do país", lê-se no documento.

Sugerir correcção
Comentar