A Duquesa

Bom exemplo de "qualidade inglesa"

"A Duquesa" do título é GeorgianaSpencer Cavendish, duquesa deDevonshire por casamento, uma dasaristocratas mais poderosas daInglaterra do século XVIII eantepassada da princesa Diana,personagem apaixonada de pêlo naventa, romântica e impetuosa. O queSaul Dibb faz com ela é um daquelesimpecáveis drama de época de que osingleses parecem ter o segredo defabricação, com tudo no sítio, desde areconstituição do período àsinterpretações do mais ínfimosecundário, mas com uma peculiarvibração contemporânea no modocomo o realizador desenha oimprovável triângulo amoroso que segera quando Georgiana se trava deamizades com Lady Elizabeth Foster ea convida para uma temporada emsua casa, usado como "revelador" damoralidade dúbia da sociedadearistocrata inglesa. No fundo, todosos dramas de época ingleses nãofalam de outra coisa senão da luta declasses, mas aqui Dibb desvia o seuolhar para o estatuto de segundaclasse da mulher, cujo poder,exercido de modo mais discreto, temlimites desconhecidos aos homens.

Sem descobrir a pólvora nemreinventar a roda, "A Duquesa" é umbom exemplo daquilo a que sepoderia chamar "qualidade inglesa",particularmente bem servidopelos actores (atenção àmodulação precisa deRalph Fiennes e àextraordinária presençade Charlotte Rampling).

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