Lou Reed''s Berlin

Viu Lou Reed a tocar "Berlin" na íntegra no Campo Pequeno em Julho? Se sim e se gostou, este registo dos concertos em Nova Iorque que deram origem a essa digressão, em Dezembro de 2006, são o "souvenir" ideal. Preferiu ir ver Leonard Cohen mas flagelou-se por não poder ter ido ver Reed? Não se flagele mais, esta é a sua compensação por ter preferido o poeta canadiano ao bardo nova-iorquino. Mas a filmagem impressionista e etérea do retorno de Reed ao seu álbum maldito de 1973, assinada pelo pintor e realizador Julian Schnabel (igualmente responsável pela cenografia e projecções de palco, realizadas em parte pela filha, Lola Montes Schnabel) é, apenas, mais um filme-concerto.

Mais atento aos pormenores e menos formulaico do que é habitual, é certo; mas ainda assim um filme-concerto, incapaz de transcender os problemas inerente ao formato - um concerto não foi feito para se ver sentado numa sala de cinema (falta a imperceptível vibração humana da presença dos músicos), um filme é mais do que apenas o registo (mesmo que sensível) de uma performance musical - mesmo que se trate de uma excelente performance, com Reed em muito boa forma e alguns arranjos avassaladores (a "Sad Song" final é extraordinária).

Como "substituto" para quem não pôde estar no Campo Pequeno ou "souvenir" de quem lá esteve, "Berlin" funciona às mil maravilhas. Mas isso não faz dele um filme que nos fique na memória.

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