Espelhos

É a confirmação do francês Alexandre Aja como cineasta a reter no território do cinema fantástico, passando com distinção no seu segundo ensaio americano, depois do excelente "Terror nas Montanhas".

Substituindo o "gore"mais aberto do "survival movie" poruma aposta ganha no sobrenaturalatmosférico, Aja evoca semproblemas em "Espelhos" osgrandes clássicos da casaassombrada como "A Casa Maldita"e as ameaças de uma entidadesobrenatural à família nuclear("Poltergeist" à cabeça) porque sabeque é capaz de lhes dar a volta nestareconstrução do filme coreano "Intothe Mirror", sobre um detectivesuspenso que aceita o cargo desegurança num grande armazém emruínas e dá por si obcecado pelo quejulga ser uma presença sobrenaturaldo outro lado dos múltiplos espelhosque sobreviveram ao incêndio quedevastou o edifício.

Claro que hámomentos - sobretudo em direcçãoao final - em que a lógica e aplausibilidade começam a ceder ànecessidade de atar as pontas soltas,mas Aja mais do que compensa coma elegância sem esforço da suaencenação, apostando na criação deum ambiente opressivo edesorientador e na intensidade dapresença de Kiefer Sutherland, eevitando de justeza a queda naimbecilidade que, por exemplo,deitou por terra as ambições de"Babylon A. D." do conterrâneoKassovitz. Não é mais do que umfilme de terror, mas é um bom filmede terror, e isso já não é nada maunos nossos dias.

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