Nepal: chefe maoísta investido primeiro-ministro da jovem república

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Aos 53 anos, Prachanda, em tempos procurado por terrorismo, realizou o seu sonho, não através das armas mas pelas urnas Shruti Shrestha/Reuters

O líder dos maoístas do Nepal, Prachanda, foi hoje investido primeiro-ministro da jovem república, depois de ter sido nomeado para ocupar essas funções na passada sexta-feira pela assembleia constituinte do país.

“Permanecerei fiel (...) aos meus concidadãos e prometo, em nome do povo, permanecer fiel à Nação soberana do Nepal”, disse, durante a cerimónia de juramento, em Katmandu, na presença de diplomatas estrangeiros e saudado pelo novo hino republicano, tocado pela banda do antigo exército real.

Prachanda foi eleito na passada sexta-feira o primeiro chefe de governo da república, por uma maioria esmagadora, na assembleia constituinte eleita em Abril e dominada pelo partido maoísta, dois meses após a abolição da monarquia e a saída do poder do “deus-rei” Gyanendra do seu palácio de Katmandu.

A nomeação de Prachanda é o culminar de um extraordinário processo de político de dois anos durante o qual os nepaleses meteram fim a uma guerra civil, levaram ao poder a antiga rebelião maoísta e enterraram mais de dois séculos de monarquia hindu, substituindo-a por uma república.

Aos 53 anos, Prachanda, em tempos procurado por terrorismo, realizou o seu sonho, não através das armas mas pelas urnas: derrotou a monarquia e pegou nos destinos do país, um regime republicano desde o dia 28 de Maio de 2008.

De seu nome verdadeiro Pushpa Kamal Dahal, passou 25 anos na clandestinidade, dez dos quais travando uma luta armada a partir das montanhas. A sua guerra pelo poder, de Fevereiro de 1996 a Novembro de 2006, fez 13 mil mortos e colocou em situação de extrema fragilidade a economia daquele país dos Himalaias, entalado entre a Índia e a China.

O cenário de uma mudança de regime no Nepal começou a tomar forma na Primavera de 2006: todos os partidos se aliaram aos maoístas em manifestações democráticas obrigando o rei Gyanendra a renunciar ao poder absoluto que conquistou em Fevereiro de 2005.

No dia 21 de Novembro de 2006, as forças políticas chegaram a um acordo de paz histórico. Depois de vários meses de negociações, a classe política chegou a um entendimento sobre a arquitectura do governo. Os maoístas fecharam finalmente um pacto com o Partido Comunista do Nepal (marxista-leninista unificado, de centro esquerda) e com um partido de uma minoria étnica do sul do país, o Madheshi Janaadhikar Forum.

O novo governo deverá começar a ser constituído nos próximos dias, indicaram os maoístas.

A oposição será representada pelo ex-partido dominante, o Congresso Nepalês (centrista).

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