Extrema-direita tem ligações directas a claques dos principais clubes de futebol

Foto
O relatório policial defende que estes jovens são “particularmente influenciáveis e propensos a adoptar comportamentos de risco” Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO (arquivo)

A extrema-direita neonazi em Portugal tem ligações directas às claques de futebol de vários clubes da I Liga, designadamente do Sporting Club de Portugal, do FC.Porto e do SL Benfica, segundo um relatório da PSP publicado hoje pelo “Jornal de Notícias”.

Segundo o jornal, grande parte dos indivíduos referenciados pela PSP no Relatório Especial de Informações foi detida há dois dias pela Polícia Judiciária.

A PJ deteve cerca de 30 indivíduos, mas 20 deles acabaram por ser libertados.

Os restantes dez, entre os quais se contava o líder da organização de extrema-direita Frente Nacional, Mário Machado, foram ouvidos em tribunal por suspeitas de discriminação racial.

Mário Machado foi o único dos dez elementos a ficar em prisão preventiva e vai aguardar julgamento na zona prisional de Lisboa junto à PJ.

Fonte policial citada pelo JN refere que oito dos detidos têm ligações simultâneas à elite da extrema-direita, a Portugal Hammerskin, e ao grupo de apoiantes do Sporting "1143".

O relatório da PSP sublinha, no entanto, que a identificação com os ideais nacionalistas e nazis se sobrepõe às fidelidades desportivas.

O documento dá também conta da existência de elementos de extrema-direita nas claques do SL Benfica, FC Porto, Académica, Boavista, Portimonense e Amora.

O documento foi elaborado pelo Departamento de Informações Policiais, em Dezembro de 2005, mas fontes policiais disseram ao JN que "todo o conteúdo continua a reflectir as preocupações actuais".

Preocupações que não passam apenas pela prática de violência, mas pelas influências extremistas que podem germinar nas claques, avança o mesmo relatório.

"Os jovens são particularmente influenciáveis e propensos a adoptar comportamentos de risco, o que poderá incitar nos estádios de futebol a uma propaganda organizada que apele à discriminação, ao ódio e à violência racial", refere o documento.

Sugerir correcção
Comentar