Mário Lino diz desconhecer estudo contra novo aeroporto na Ota

Mário Lino garantiu que não há dificuldade com os terrenos
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Mário Lino garantiu que não há dificuldade com os terrenos Daniel Rocha/PÚBLICO
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O ministro das Obras Públicas Transportes e Comunicações, Mário Lino, afirmou hoje que não lhe foi apresentado qualquer estudo que diga que a localização do novo aeroporto de Lisboa na Ota não é uma opção viável ou que exista um sítio melhor.

Mário Lino, que falava perante a comissão parlamentar de Obras Públicas Transportes e Comunicações, considera que o estudo realizado pelo engenheiro José Manuel Viegas "é muito preliminar" e apenas apresenta "convicções".

No programa da RTP "Prós e Contras" do dia 26 de Março, José Manuel Viegas, professor do Instituto Superior Técnico (IST), propôs a construção do novo aeroporto nas zonas do Poceirão ou de Faias (na margem sul do Tejo, perto de Rio Frio), defendendo que constituem melhores alternativas do que a localização escolhida pelo Governo, a Ota (a norte do Tejo).

José Manuel Viegas defendeu que a escolha do Poceirão ou de Faias tornaria a obra mais barata – porque o terreno é praticamente plano – e com maior capacidade. O engenheiro referiu que os estudos preliminares que fez, em 15 dias, mostram que as duas localizações que propõe estão "fora dos corredores ambientais", minimizando o impacto ambiental da obra, e que têm espaço para que possa ser construída uma cidade aeroportuária. "Não se pode construir uma cidade aeroportuária na Ota", contrapôs o especialista em transportes.

No mesmo programa, Fernando Nunes da Silva e Luís Leite Pinto, também do IST, concordaram com estas duas alternativas e sustentaram que a Ota não tem capacidade para albergar uma cidade aeroportuária.

Já o responsável pela coordenação dos estudos de impacto ambiental na Ota e em Rio Frio, Fernando Santana, contestou as localizações apontadas por Viegas, por se encontrarem "a três ou quatro quilómetros" da localização que já tinha sido rejeitada devido aos custos ambientais. "É a mesma coisa que Rio Frio", afirmou Santana, acrescentando que se trata de "um contínuo ambiental", com as mesmas questões relacionadas com "a existência de um aquífero, proximidade dos estuários do Tejo e do Sado e com as rotas das aves migratórias".

Viegas alertou ainda para a inexistência de um estudo de impacte ambiental para a Ota, trabalho que levará ainda algum tempo a ser executado e que certamente – pelas indicações recolhidas em estudos já realizados – trará algumas condicionantes de carácter ambiental, eventualmente tão gravosas como em Rio Frio.

Ministro garante que "não há dificuldade com os terrenos"

Para o ministro Mário Lino, a construção do novo aeroporto de Lisboa na Ota "é um projecto sustentável tecnicamente" e não durará apenas 13 anos. Numa intervenção feita no mês passado, Mário Lino afirmou que a Ota pode movimentar até 50 milhões de passageiros por ano.

Mário Lino garantiu também que "não há dificuldade com os terrenos", até porque "qualquer projecto tem problemas de engenharia para resolver".

Questionado pelo PCP sobre a privatização da ANA-Aeroportos de Portugal, SA, o ministro afirmou que a gestão dos aeroportos não deve ser vista como uma função do Estado.

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