E se o catalão Albert Serra quisesse ser um Terrence Malick que idoletrasse Robert Bresson? "Honra de Cavalaria", variação livre sobre o "D. Quixote" de Cervantes que se concentra apenas nos "tempos mortos" da demanda do cavaleiro da triste figura e do seu fiel escudeiro, retoma a austeridade do segundo e a tentação lírica do primeiro para construir um objecto mais sensorial que narrativo, quase experimental no modo como Serra integra as suas personagens na paisagem que as rodeia, procurando uma qualquer verdade emocional que se erga pro entre a consciência progressiva de que o insucesso espreita a demanda do envelhecimento Quixote, figura crística com os olhos no céu.

É um filme abstrato (e reivindicado com tal), espécie de bloco de granito em bruto que exige uma entrega e uma disponibilidades que poucos estarão dispostos a dar, mas que não impede a sensação de haver aqui um excesso de afecção auteurista que joga contra.