Festival Músicas do Mundo para lá do Castelo de Sines

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Toumani Diabaté, do Mali, um dos artistas em destaque no festival DR

O Festival Música do Mundo (FMM) vai apenas na sua oitava edição, mas conseguiu, através de uma aposta clara no profissionalismo e na qualidade de propostas, ser a maior referência dos festivais que em Portugal se colocam sob a bandeira da world music. A edição de 2006, que se desenrola de hoje até dia 29, é prova do crescimento do festival organizado pela Câmara Municipal de Sines.

Crescimento em número de dias, de artistas e de locais. Assim, dos três dias de 2005 passa-se para nove. Os artistas passam de 15 para 24. Os locais são agora quatro: Castelo de Sines, Avenida da Praia, Centro de Artes e Porto Covo - este último recebe entre hoje e dia 25 sete nomes.

Carlos Seixas, director artístico do festival, reconhece que, após os mais de 25 mil espectadores recebidos o ano passado na cidade do litoral alentejano, havia a necessidade de "estender, crescer, temporalmente, na programação, e espaços". É um festival "democrático", que deseja que as pessoas possam ver o máximo de espectáculos, donde o aumento de espaços e artistas. O Castelo acomoda um máximo de 6500 pessoas, e quase outras tantas na Avenida da Praia, e as características físicas da antiga cidade não permitiam mais em Sines, daí a extensão a Porto Covo.

Uma aposta na qualidade

Quanto à programação, Carlos Seixas diz que não existe uma linha conceptual perfeitamente definida, e que o cartaz acaba por ser um "mosaico" com os nomes que resultam de um "feeling" de adaptação ao FMM e, dentro dos "milhares de nomes" possíveis, aos que estão disponíveis. "[A ideia é sempre] não nos acomodarmos, reinventar, [trazendo os] grandes compositores [e] grupos de músicos com qualidade."

Dos nomes menos conhecidos, o director destaca Nuru Kane (Av. Praia, dia 28), jovem senegalês que voga acusticamente pelos blues e pelo gnawa, música dos antigos escravos negros levados para Marrocos; e o Cordel do Fogo Encantado, um projecto que reinventa as tradições narrativas do sertão do Nordeste do Brasil. Mas pode-se destacar também, já para hoje, em Porto Covo, dois nomes da lusofonia. O brasileiro Francis Hime apresenta-se ao piano, e a cabo-verdiana Mayra Andrade (ver Y de hoje), que lança o seu álbum de estreia, Navegar. Dois artistas maiores tocam dia 27 no Castelo: primeiro, o maliano Toumani Diabaté, depois, o libanês Rabih Abou-Khalil, o virtuoso do alaúde que estará acompanhado pelo pianista de jazz Joachim Kühn.

O aumento de estatura do FMM implica um maior orçamento, mas Carlos Seixas declara a certeza na viabilidade económica, isto porque a um aumento de despesas corresponderá também um aumento de receitas, quer pelo previsto maior número de espectadores pagantes, quer pelo já certo aumento de receitas de patrocínios, apoios directos e merchandising. Para além disso, os bilhetes para o Castelo aumentaram de 5 para 10 euros. Tudo isto, segundo o responsável, "permite que a Câmara Municipal de Sines não tenha mais encargos [financeiros com o festival] do que em 2005".

Ainda a propósito de bilhetes, refira-se que apenas são necessários para os espectáculos no Castelo - estão à venda até dia 26 nos postos de turismo da zona ou lojas Fnac. Entre 27 e 29, apenas estão à venda em Sines, as bilheteiras estão localizadas no Largo dos Correios.

A partir das primeiras notas de Francis Hime, logo às 22h, até que se extingam, já na madrugada de dia 30, as últimas do búlgaro Ivo Papasov e a sua banda de música festiva cigana, o concelho de Sines está, termina Carlos Seixas, pronto: "[Para] receber o melhor possível as pessoas que nos visitam e os músicos que, afinal, são os nossos heróis."

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