Percurso de Júlio Resende em exposição na Sociedade Nacional de Belas-Artes em Lisboa

Foto
Pintura de modelo feminino, 1962 DR

A exposição de Júlio Resende a inaugurar samanhã, na Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA) em Lisboa, é constituída por 27 telas que mostram o percurso do pintor e estará patente até ao final do mês.

Segundo a presidente da SNBA, Emília Nadal, a exposição oferece "a rara possibilidade de dar a conhecer a evolução do percurso do artista" que marcou a segunda metade do século XX.

As telas integram a colecção do BCP/Millenium e permitem apreciar trabalhos de diferentes fases do pintor, que em 1960 foi distinguido com o Prémio Diogo Macedo, no Salão de Arte Moderna.

A obra mais antiga que estará em exposição é uma aguarela sobre papel de 1946 intitulada "Praça da Batalha", da década seguinte poderá ser visto o óleo sobre tela colada sobre platex, "sem título" (1957).

A década de 1960 está representada com seis óleos sobre tela. Ds oito telas da década de 1970 refira-se "Cavaleiros e Cavalo" (óleo sobre madeira de 1970), "Sargaceiro" (óleo sobre tela de 1971) ou "O papagaio" (óleo sobre tela colada sobre platex de 1971). Esta década está representada com um total de oito telas.

Entre as cinco telas da década de 1980 poderá ser visto no salão da SNBA uma tapeçaria da Manufactura de Portalegre, "Figura", executada em 1987 a partir de um cartão do pintor. De 1990 a 2000 estão patentes duas telas, "Adeus tristeza" (óleo sobre tela executada em 1991) e "Luz de atelier" executada entre 1997 e 2000.

Percurso de Júlio Resende

Natural do Porto, Júlio Resende, 88 anos, tem o curso de Pintura da Escola de Belas-Artes do Porto.

Em 1943 funda com alguns colegas o Grupo dos Independentes, realizando Exposição Independente, a primeira de uma série que se prolonga até 1950, com realizações no Porto, Lisboa, Coimbra, Leiria e Braga. Este grupo procurava combater o que considerava o distanciamento entre a comunidade artística nacional e o que se produzia além fronteiras.

Frequenta a Escola de Belas-Artes de Paris onde se especializa em pintura mural, sob a direcção de Duco de la Haix, e frequenta também a Academia Grande Chuamière.

Quando regressa a Portugal fixa-se no Alentejo, desenvolvendo uma pintura com uma estrutura pictórica triangular, mas volta ao Norte e inicia uma nova fase, construindo estruturas geométricas rectangulares. Mas uma viagem ao Brasil, em 1971, introduz uma nova mudança no estilo do pintor: a diagonal passa a dominar a estrutura do quadro.

Com uma obra que se divide pela pintura, fresco, vitral, painéis cerâmicos, ilustração de obras literárias e cenários teatrais, Júlio Resende expôs tanto em Portugal como em países lusófonos, bem como em Espanha, Índia e Suécia. A sua obra encontra-se ainda em vários museus tanto nacionais como estrangeiros.

Entre os prémios que recebeu estão o Prémio Nacional de Pintura da Academia de Belas-Artes, Prémio Armando de Basto, Prémio Sousa Cardoso, Prémio Especial da Bienal de Arte de S. Paulo, Medalha de Prata na Exposição Internacional de Bruxelas e o 1º Prémio de Artes Gráficas na X Bienal de S. Paulo.

Em 1981 o Rei de Espanha, João Carlos, condecorou-o com a Ordem de Mérito Civil.

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