Sporting pretende vender património não desportivo para saldar dívidas

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No próximo dia 17, os sócios do Sporting são convidados a aprovar ou não a proposta de Filipe Soares Franco para venda de património não desportivo Inácio Rosa/Lusa (arquivo)

O Conselho Directivo do Sporting justificou hoje a venda de património não desportivo com as dívidas a entidades bancárias na ordem dos 237 milhões de euros, num esclarecimento dirigido aos sócios, a oito dias da assembleia-geral, que vai decorrer no Pavilhão Atlântico, em Lisboa.

De acordo com o documento "Esclarecimentos para a Assembleia-Geral", que o clube divulgou hoje no seu site e que vai distribuir no sábado, no jogo contra o Boavista, para além dos 237 milhões em dívida, o Sporting tem em acréscimo mais "três grandes responsabilidades": o "leasing" da Academia de Alcochete (dez milhões de euros); um empréstimo obrigacionista na Sporting SAD (18,5 milhões); e ainda cerca de doze milhões a fornecedores.

O passivo total do clube é de actualmente 277 milhões de euros.

"Caso não cumpra, o Sporting entra em incumprimento, e poderão ser executadas as garantias prestadas e entra-se numa situação de ruptura de tesouraria, porque, nesse cenário, os bancos deixarão de apoiar financeiramente o clube", pode ler-se no documento.

No dia 17, no Pavilhão Atlântico, o Sporting realiza uma assembleia-geral extraordinária que tem como ponto único da ordem de trabalhos a aprovação ou não pelos sócios da proposta da direcção de Filipe Soares Franco para venda de património não desportivo.

O Sporting afirma que "o equipamento não desportivo num clube desportivo só tem sentido se for gerador de receitas para aplicar no desporto", mas "não é esta a situação no Sporting". "Este equipamento foi construído pelo Sporting sem capitais próprios, e portanto está por pagar aos bancos financiadores. O Sporting é nominalmente proprietário. Mas todo este equipamento está dado como hipoteca", acrescenta o documento.

O Sporting explica que "o desvio orçamental apareceu fundamentalmente na Sporting SAD, na sequência dos investimentos em passes de jogadores no início da época em curso (oito milhões de euros), da eliminação prematura das competições europeias (quatro milhões de euros) e um milhão de euros de redução da quotização de sócios".

O documento refere igualmente que o bingo e as modalidades de competição não conseguiram atingir os níveis das receitas orçamentadas, enquanto o jornal, o museu, o multidesportivo, o futsal e o andebol apresentaram défice, totalizando um desvio orçamental de 3,6 milhões de euros.

"Há e muita urgência em alienar património não desportivo. Pelo desvio orçamental que urge colmatar, para o Sporting cumprir atempadamente os seus compromissos e honrar o seu bom nome", justifica o Conselho Directivo dos "leões".

A venda de equipamento imobiliário não desportivo serve ainda para "negociar com os bancos a retirada da imposição do saldo líquido na compra e venda de jogadores", de forma a começar a preparação da próxima época sem essa obrigatoriedade.

O Conselho Directivo afirma ainda que devido a um acordo estabelecido com as entidades bancárias, o clube tem de vender jogadores todos os anos para poder fazer novas contratações. "Nessa cláusula está explicitado que a Sporting SAD só pode comprar jogadores profissionais de futebol desde que tenha realizado nessa época mais-valias equivalentes a 5,5 milhões de euros", esclarece.

Num documento em que coloca e responde a 14 questões fundamentais, o Conselho Directivo do Sporting garante que não vai acabar com nenhuma das 23 modalidades e salienta a importância da participação da equipa de futebol na Liga dos Campeões.

"O Sporting tem de participar na Liga dos Campeões no mínimo, dois em cada três anos, para ter as suas receitas significativamente aumentadas. Na última década só participou duas vezes. Porventura isto ajuda a explicar a actual situação do nosso clube", concluiu o comunicado divulgado no site do clube de Alvalade.

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