Cavaco Silva defende "cooperação estratégica" do Presidente da República com o Governo

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A confirmar-se, Cavaco Silva volta a candidatar-se às presidenciais dez anos depois da primeira corrida a Belém Paulo Novais/Lusa

Cavaco Silva, que vai apresentar amanhã a sua candidatura às eleições presidenciais, defende uma "cooperação estratégica" do Presidente da República com o Governo e "outros órgãos de soberania" para "vencer a grave situação" do país.

"A magistratura do Presidente da República pode ser exercida em cooperação estratégica com os outros órgãos de soberania, de modo a contribuir activamente para vencer a grave situação em que o país se encontra", escreveu o antigo chefe de Executivo numa entrevista publicada no livro "A Agenda de Cavaco Silva", do jornalista Vítor Gonçalves. Nesse depoimento, o ex-líder social-democrata afirma-se ainda preocupado por "ver os outros países da União Europeia andarem para a frente e Portugal a ficar para trás".

Favorito nas sondagens, à frente de Mário Soares e Manuel Alegre, Cavaco Silva volta a candidatar-se às presidenciais, dez anos depois da primeira corrida a Belém, que perdeu para o actual Presidente da República, Jorge Sampaio, em 1996.

Cavaco Silva deverá apresentar-se amanhã, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, apenas acompanhado pela mulher e pelo seu director de campanha, Alexandre Relvas, para vincar que se trata de uma candidatura suprapartidária.

O PSD, partido a que o que candidato pertence desde 1974, deverá formalizar o apoio a Cavaco Silva até final do mês, numa reunião de Conselho Nacional. O CDS-PP só vai discutir as presidenciais num Conselho Nacional também em finais de Outubro.

Cavaco Silva tem já mandatário nacional, o neurologista João Lobo Antunes (apoiante de Jorge Sampaio em 1996 e 2001), e mandatária da juventude, a fadista Kátia Guerreiro.

O antigo primeiro-ministro - que governou o país durante entre 1985 e 1995 - só começou a admitir publicamente a hipótese de avançar com uma candidatura este ano, proferindo muitas vezes repetida frase: "Essa possibilidade não faz parte das minhas ambições actuais".

Em Março último, de visita a Angola, afirmou à RTP que só regressaria se sentisse que podia “dar alguma coisa ao país”. “Se eu sentir que não há condições ou que o país não precisa que faça qualquer coisa por ele, então não vale entrar outra vez na vida política", sublinhou.

Desde Julho, após a possibilidade da entrada na corrida do ex-presidente Mário Soares, com quem manteve relações tensas durante a fase final do seu mandato como primeiro-ministro, nos anos 90, Cavaco Silva continuou a gerir o silêncio e remeteu a decisão para depois das autárquicas de 9 de Outubro e da apresentação do Orçamento do Estado de 2006.

Nascido em Boliqueime (Algarve) a 15 de Julho de 1939, Aníbal Cavaco Silva licenciou-se em Finanças no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, em 1964. Apesar de ter aderido ao PSD logo em 1974, ascendeu à liderança do partido em 1985, no congresso da Figueira da Foz, iniciando um percurso de sucessivas vitórias com a conquista inédita de duas maiorias absolutas, depois de forçar a ruptura com o PS no Governo do Bloco Central, chefiado por Mário Soares.

Cavaco Silva pertenceu ao gabinete de estudos do PSD e foi ministro das Finanças do Governo de Francisco Sá Carneiro entre Janeiro de 1980 e Janeiro de 1981.

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