Ana Moreira é luminosa (aquele sotaque...), e é ela, definitivamente, que cose os (acreditamos que voluntários) estilhaços da viagem iniciática que é "Adriana". Este é daqueles filmes que se concretiza (acreditamos que voluntariamente) de forma mais frustrante do que como projecto e como ideal; este é daqueles filmes que pede ao espectador que o crie, e é mais gratificante o espaço mental a que regressamos depois da sua visão do que a experiência, propriamente dita, de o vermos, porque as fragilidades são obstáculos. Mas há Ana Moreira. E há um fio de loucura, e há risco, como no cinema de César Monteiro, como no cinema de Werner Schroeter - esses nomes aqui convocados não irrompem como citação cinéfila, são gesto, ideário de vida e de arte de uma realizadora (de uma geração?). Até dá vontade de rever um filme em exibição, "Os Bravos não Têm Descanso", de Alain Guiraudie. <p/>
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